Nas suas mais recentes projeções, os técnicos do Banco de Portugal explicam o motivo pelo qual as suas previsões iniciais para a economia portuguesa ficaram tão longe do resultado final de 2017. Há um ano, o BdP esperava que o ano terminasse com um crescimento de 1,8%, muito abaixo dos 2,7% que acabaram por se verificar.
A principal fatia da “culpa” recai sobre os turistas. O Banco não esperava que tantos turistas escolhessem Portugal como destino, o que fez aumentar as exportações de serviços muito mais do que as estimativas apontavam. Mais de metade do desvio veio desse indicador. “A subestimação do crescimento das exportações de bens e serviços foi o principal fator explicativo do erro de projeção na taxa de crescimento do PIB”, pode ler-se no relatório divulgado hoje, notando que os ganhos de quota de mercado foram muito superiores face ao que se esperava.
“A análise das principais componentes das exportações permite verificar que o erro de projeção se concentrou, em larga medida, nas componentes ligadas ao turismo”, acrescenta o BdP. “De facto, verificou-se em 2017 um aumento de 15,4% nas exportações de turismo, o que constitui uma das taxas de crescimento mais elevadas desde o início dos anos 90, apenas comparável à taxa observada em 1998, ano da realização em Lisboa da Expo ’98.”
Os restantes serviços próximos do turismo também registaram reforços significativos (9,2%), como foi o caso dos transportes aéreos.
Mas as exportações não foram a única surpresa positiva. O consumo privado e, principalmente, o investimento também contribuíram para o não cumprimento das projeções. Do lado do consumo, o maior dinamismo veio dos bens duradouros (carros e eletrodomésticos), enquanto o investimento feito pelas empresas cresceu mais do que o BdP esperava.
O BdP avalia também a solidez das suas hipóteses sobre variáveis externas, concluindo que, nesse caso, não houve desvios significativos. O preço do petróleo deu uma ajuda ligeira ao crescimento, enquanto a apreciação do euro deu um pequeno contributo negativo.
No mesmo documento, o Banco apresenta as suas novas previsões até 2020, esperando que nesse ano a taxa de desemprego esteja abaixo de 6%, apesar de prever que a economia vá perdendo ímpeto até estar a crescer apenas 1,7%.