A meta está definida: subir para 45%, dos atuais 40%, a percentagem de mulheres em lideranças médias e superiores nos CTT em dois anos. O objetivo foi partilhado por João Bento, CEO dos CTT, no passado 8 de março, no arranque de um evento que celebrou o Dia Internacional da Mulher com um debate no feminino, com os temas da diversidade, equidade e inclusão como pano de fundo.
Com um painel de mulheres de referência, internas e externas aos CTT, e uma assistência que reuniu uma centena de mulheres no auditório da VdA, em Lisboa, o encontro centrou-se nos desafios pessoais e profissionais que as mulheres ainda enfrentam hoje.
Com moderação de Margarida Couto, sócia da VdA e membro do Conselho de Administração dos CTT, este debate “À Conversa com Elas” contou com a participação de Sandra Moás, membro da Comissão Executiva Alargada dos CTT, Sandra Mateus, Board Member da PWN Lisbon e Manuela Doutel Haghighi, Diretora de Customer Success e co-chair da Women Network da Microsoft, que partilharam os seus percursos e experiências.
O compromisso dos CTT com a diversidade e equidade faz-se a vários níveis. As empresas CTT Expresso, CTT Contacto, Payshop, Banco CTT e 321 Crédito estão certificadas como Empresas Familiarmente Responsáveis (EFR), reconhecendo as medidas de conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar. Esta certificação assenta num conjunto de compromissos e objetivos estratégicos, assumidos pela gestão dos CTT. Além disso, o grupo é signatário da Carta para a Diversidade, uma iniciativa da Comissão Europeia, um instrumento voluntário para encorajar os colaboradores a desenvolver práticas internas de promoção da diversidade.
“Estamos em 2024. Porque é que ainda estamos aqui?”
A pergunta de Manuela Doutel Haghighi foi o ponto de partida para uma reflexão inspiradora sobre a atitude das mulheres no mercado de trabalho, ambições profissionais e igualdade de oportunidades.
Um discurso baseado no empoderamento das mulheres, que devem não ter medo de arriscar, de se mostrar e de falar. Um alerta de que é preciso estarem atentas às suas necessidades, aprender a negociar e a promover o seu trabalho, bem como unirem-se a outras mulheres: “apoiem-se umas às outras. A união faz a força”, frisou.
“Nós precisamos de mais mulheres nas organizações, não é por um tema de igualdade. É porque a diversidade gera negócio, gera melhores resultados. Está mais do que provado que empresas com lideranças diversas têm maior capacidade de inovação, de diferença de gestão e isso gera mais negócio e torna as empresas mais sustentáveis”, defendeu Sandra Mateus, para quem é preciso questionar a realidade existente, olhar para os assuntos, e encontrar novas perspetivas.
Referindo-se à igualdade de oportunidades e à questão da equidade, Sandra Moás acredita que é preciso entender que, para chegar ao mesmo lugar, temos todos pontos de partida diferentes e, por isso, pode ser preciso fazer adaptações. “As oportunidades devem ser dadas sim, mas, se calhar, têm de ser adaptadas, ou se calhar temos de arranjar modelos alternativos para que o ponto de partida possa ser igual para todos”.
Manuela Doutel Haghighi vê o futuro com otimismo, mas defende que é preciso trazer também os homens para a discussão. “As mulheres estão a falar mais, estão a unir-se mais e é isso que eu peço. Acho que passa tudo pela união… Estamos aqui todas unidas para nos ajudar e, se fizermos isso também para os homens, dar-lhes a mão e explicar, sim, acredito num futuro positivo”.
No final da conversa, Margarida Couto recordou que o formato “À Conversa com Elas” não ficará por esta primeira edição. O dia foi também marcado pelo lançamento de um programa de mentoring com as quatro Administradoras do Conselho de Administração dos CTT que, a cada dois meses, vão reunir-se com um grupo de mulheres para uma conversa aberta sobre os seus percursos de vida e de carreira.
Como vê o Dia da Mulher e a sua importância nos dias de hoje?
“Vejo o Dia da Mulher como um dia que continua a fazer falta. Apesar do caminho já percorrido, estamos ainda longe de alcançar a igualdade de género e temos de continuar conscientes do muito que ainda falta fazer. Dai este dia ser importante na sociedade atual – faz-nos pensar e pensar faz-nos agir”
Margarida Couto, sócia da VdA e membro do CA dos CTT
“Vejo com imensa esperança e confiança de que estamos a gerar mudança e progresso. De ano para ano, surgem mais iniciativas que marcam o dia, nomeadamente pelas organizações privadas confirmando que a diversidade de género está na agenda estratégica das organizações, e que há um reconhecimento generalizado da sua importância na sociedade atual e da responsabilidade de todos na mudança e evolução”.
Sandra Mateus, Board Member PWN Lisbon
“O Dia Internacional da Mulher é comemorado mundialmente porque a 8 de março de 1917, milhares de mulheres reuniram-se em protesto na Rússia por quererem igualdade salarial em relação aos homens. (…) Mais de 100 anos passaram e continuamos a não ter igualdade salarial, de oportunidades, de segurança básica, de reprodução e os nossos direitos continuam a ser questionados, especialmente quando aparece uma crise ou uma guerra, já dizia a Simone de Beauvoir. Por isso quer uns gostem quer não, enquanto não tivermos igualdade e equidade, temos de continuar a chamar a atenção.”
Manuela Doutel Haghighi, Diretora Customer Success e co-chair Women Network, Microsoft
“É sobretudo uma homenagem a todas as mulheres que, ao longo das últimas décadas e até aos dias de hoje, continuam a promover o progresso dos direitos das mulheres, concretamente as suas conquistas sociais, políticas e económicas. Apesar dos direitos conquistados e de uma maior consciência para a necessidade de implementação de medidas de igualdade de género – algumas até impulsionadas por legislações especificas que visam alavancar essa igualdade – a realidade continua ainda a penalizar as mulheres com base em preconceitos e estereótipos de um papel secundário das mulheres na sociedade e nas organizações.
Sandra Moás, membro da Comissão Executiva Alargada dos CTT