Apanhar um valente susto é como levar o cérebro ao ginásio. Ver um filme de terror ajuda a acalmar a ansiedade. Durante a hora e meia em que vamos acompanhando os desgraçados dos protagonistas através de bosques sombrios, casas assombradas e câmaras de tortura, varre-se da nossa mente tudo o que a poluía. Com um bocado de sorte, a limpeza mantém-se mesmo depois de o filme acabar.
Depois de tantos meses de ansiedade pandémica, estamos todos a precisar de apanhar uns bons sustos. E calha bem porque falta pouco para o MOTELX, o Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa que promete uma semana inteira de sobressaltos. A edição deste ano volta a ter o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e por isso voltam também as sessões ao ar livre.

O festival decorre entre 7 e 13 de Setembro, mas antes, entre os dias 2 e 4 vai haver um warm-up. O pré-festival arranca com o espetáculo Rapsodo, no Convento de São Pedro de Alcântara; uma noite dedicada a contadores de histórias e a textos ligados ao universo do terror e do fantástico, com a participação de atores portugueses. No dia seguinte, o cineasta Edgar Pêra fará a estreia mundial da sua encenação pictórica Vizões do Ego – uma incursão no mundo da pintura através das lentes do teatro expressionista e do cinema fantástico. O warm-up encerra no dia 4 com a exibição de um clássico do cinema de terror numa sessão gratuita no largo Trindade Coelho.
Entre os muitos filmes que o MOTELX preparou para esta 15ª edição, destacam-se o ciclo dedicado a mulheres serial killers, onde não poderia faltar o bem conhecido Monster, protagonizado por Charlize Theron. Espaço também para Baise-Moi, filme francês sobre duas mulheres violadas por três homens e que embarcam numa fúria vingativa e sanguinária. Destaque ainda para The Countess, filme produzido, realizado e protagonizado por Julie Delpy, sobre a história real da condessa Bathory, que se banhava no sangue de virgens para manter a juventude.
No ciclo intitulado O Coração das Trevas Português, vai ser possível ver a trilogia (inacabada) sobre a Guerra do Ultramar, um projecto da dupla produtor/realizador Tino Navarro e Joaquim Leitão, e que inclui os filmes Inferno e 20,13 Purgatório. Porque os filmes de guerra também são, por definição, filmes de terror.
Será ainda possível ver as 12 curtas-metragens portuguesas que concorrem ao prémio MOTELX Melhor Curta de Terror que, pela primeira vez, tem também o apoio da SCML, reforçando assim a sua missão de apoio à produção nacional de cinema de género. O vencedor ganha cinco mil euros e fica nomeado para a competição Méliès d’Or, organizada pela Méliès International Festivals Federation.
As sessões, como sempre, irão decorrer no cinema São Jorge (programação completa em www.motelx.org) e, como o distanciamento social se mantém, nada de fincar as unhas no braço do vizinho do lado!