E que me fascinou, pois então. Também pela constatação de que a idade e a maturidade nos podem fazer apurar a capacidade de retirar ensinamentos de todas as ocasiões, por mais secundárias que elas possam parecer.
Mas então em que é que a bebida dourada conferiu agora nova nota de cor na minha vivência semissecular?
A 11ª Cerimónia de Entronização da Confraria da Cerveja, recentemente realizada com pompa e circunstância no Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho, fez-me encarar o desafio da Responsabilidade Social, matéria que tanto me convence e apaixona, à luz da relação causa efeito que um ato para mim até então meramente social, pode surtir numa sociedade que se pretende cada vez mais coesa e solidária.
Se me senti satisfeita com um convite inesperado, a resposta de imediato afirmativa levou-me, porém, a querer saber um pouco mais sobre a génese e a história da organização que, sem fins lucrativos, caminha a passos largos para as duas décadas de existência. E dei por mim a ficar embasbacada com os fundamentos da Confraria, o número de adeptos que já integra, as personalidades que a compõem, toda a envolvente que encerra, mas, e sobretudo, com os valores que lhe estão subjacentes.
Amizade, compromisso, atitude, honra, fidelização, alegria, respeito, empenho, liderança, proteção do património nacional, mais concretamente do que tem a ver com as empresas produtoras da cerveja e outras bebidas, foram referências explícitas desde o primeiro momento deste meu episódio e que jamais me tinham passado pela cabeça ao pegar num copo embaciado pela frescura da bebida.
Como que sob o efeito de uma golada, deixei-me transportar para uma reflexão sobre o número de fabricantes cervejeiros em Portugal continental e insular, a força de trabalho que este setor de atividade envolve, o peso que tem na balança de exportações e o seu impacto no produto interno bruto do nosso país.
Mas senti ainda maior prazer ao constatar que algumas das empresas do setor são associadas do GRACE. E que muitos, mesmo muitos dos membros desta confraria, são referências incontornáveis da nossa sociedade ou decisores de empresas que constituem muito bons exemplos no campo da Responsabilidade Social.
Talvez por isso não me tenha espantado quando, em ponto alto da cerimónia, numa sala nobre a abarrotar de gente deveras compenetrada na solenidade conferida ao ato, e muito a propósito da circunstância, o termo solidariedade veio à baila.
Dito isto, concluo, para tudo na vida há uma medida certa. E é no rigor desta medida que, a beber se pode tratar de assuntos sérios que pesam na economia, no ambiente, na cultura e, indubitavelmente, na sociedade. De resto, um quadrinómio de convergência entre pessoas e organizações que podem contribuir para padrões de vida mais exigentes e bem mais bem-sucedidos.
Assim sendo, caros leitores, em jeito de brinde às boas práticas de Responsabilidade Social, também no mundo das bebidas e da distribuição, vai uma cerveja responsável?