António Capucho
67 anos, Gestor e político
“Claro que, a caminho dos 70 anos de vida, penso no envelhecimento (mais do que penso, sinto na própria pele e também nos ossos e nos músculos). Penso também na morte com muito maior frequência do que me ocorria em tempos mais recuados.
A morte não me assusta especialmente, até porque sou católico e acho que me tenho portado razoavelmente bem nesta vida terrena. O que muito me assusta e preocupa quando olho à minha volta é a solidão, a doença, as demências e, especialmente, o sofrimento.
Todos os meus familiares e amigos da geração anterior à minha já não estão por cá, o que encaro com naturalidade. Muitos passaram dos 90 anos e morreram lúcidos e com saúde.
Mas nessa geração e na minha (o que é bem mais arrepiante) acompanhei agonias e fins de vida muito penosos para os próprios mas também para os próximos, nalguns casos após anos de sofrimento físico e quase sempre moral.
Deixando de lado as agruras do envelhecimento, importa procurarmos que a vida se vá esgotando devagar e com o máximo de qualidade que nos for possível conseguir. Controlar a saúde, manter atividade profissional ou voluntária, ocupar o espírito e exercitar o físico, serão os meios mais consensuais para um envelhecimento feliz. Importa manter e cultivar as amizades, manter o interesse pelos outros, pela atualidade e pelas coisas, viajar se possível, continuar a descobrir tudo o que não nos foi possível conhecer antes.”