Aqui estou resignado na bicha que me coube para ser eleitor. Confesso que saltei da cama mal-humorado e sonolento. Tomei um banho rápido, escanhoei-me com o civismo rabugento matinal e fui ocupar com lentidão diligente o lugar na bicha da minha secção.
É esta. Bem. Tive sorte. É das mais curtas do local, constituída totalmente por Josés, associação a que nunca pertenci. Mas pertenceu o meu amigo, já morto, embora continue vivo em alguns discos. José Paradela de Oliveira (e, ainda bem que me lembrei dele agora), sempre tão amoroso de tudo o que deixava na boca o sabor popular a canções que ele cantava com tanto gozo de amar a vida e a liberdade. Um dia – contou-me o poeta Edmundo Bettencourt, que também entoava com volúpia cantigas do Povo com puríssimos agudos de tenorino – um dia, o Paradela proferiu na sede dos Josés uma conferência sobre José Régio, Armindo José Rodrigues e José Gomes Ferreira.