Há situações e frases que nunca esquecemos, e nem precisam de ser maravilhosas ou traumáticas. Talvez isso aconteça por nos terem marcado particularmente ou porque as memórias estão cheias de conexões em diferentes regiões do cérebro, tornando-se, por isso, difícil de serem apagadas. O certo é que elas por vezes parecem indeléveis.
No final de janeiro de 2002, o último mês de vida da minha avó Germana, lembro-me de que os portugueses andavam aflitos a fazer contas. O euro acabara de substituir o escudo, muitos preços haviam duplicado de um dia para o outro e o País atravessava uma crise política por causa da hecatombe do PS nas autárquicas de dezembro anterior. A recente invasão do Afeganistão, por parte dos Estados Unidos da América, na sequência do 11 de Setembro, fomentara um clima de incerteza no mundo.