As carraças são pequenos parasitas externos que se alimentam do sangue dos seus hospedeiros, sejam eles aves, mamíferos ou humanos. Com mais de 800 espécies de carraças em todo o mundo, estes pequenos bichinhos fazem parte da família dos aracnídeos, e podem ser categorizados em dois grandes grupos: os argasídeos e os ixodídeos – ou carraças de corpo duro – que exigem uma maior atenção por serem a espécie com maior risco de infeção em humanos e animais. Apesar de nem todas as carraças transmitirem doenças, as picadas de algumas espécies podem provocar vários problemas de saúde em humanos e animais, podendo, em alguns casos, ser mesmo fatais.
Estes parasitas fixam-se à pele do hospedeiro de forma a “sugar” o seu sangue e alimentar-se, sendo frequentemente encontradas em zonas do corpo mais quentes, húmidas e menos visíveis, como no couro cabeludo, atrás das orelhas ou axilas. De cor acastanhada, avermelhada ou até mesmo preta, as carraças, geralmente possuem poucos milímetros de comprimento.
Apesar de poderem ser encontradas em quase todo o ano, é durante a primavera e o verão que as carraças estão mais ativas e podem transmitir doenças. Com o início do bom tempo e o aumento do contacto com a natureza, aumentam também os riscos de se deparar com elas, seja através do contacto com animais de estimação ou de passeios em terrenos com uma maior vegetação. Ao contrário de outros parasitas – como as pulgas que facilmente saltam de hospedeiro em hospedeiro – as carraças deslocam-se mais lentamente – estando geralmente presentes em locais como florestas, campos ou jardins – e tomando contacto direto com o hospedeiro através da passagem da sua roupa, pelo – no caso dos animais – ou pela vegetação.
Febre da Carraça
O resultado mais comum da picada de uma carraça é a “Febre da Carraça” – ou febre escaro-nodular ou botonosa como também é conhecida. Esta doença pode desenvolver-se após uma picada de carraça que passe despercebida durante várias horas ou dias. Contudo, a origem da doença não reside na carraça em si, mas num micro-organismo presente no parasita.
A febre da carraça é geralmente provocada pela bactéria Rickettsia conorii, transmitida através das mandíbulas e glândulas salivares do parasita. As carraças “desprende-se” do hospedeiro após vários dias de alimentação, contudo, são necessárias apenas seis a vinte horas de picada constante para que ocorra a transmissão dos agentes patogénicos para a corrente sanguínea do hospedeiro. Assim, mesmo que seja picado, será importante fazer uma monitorização dos sintomas, de forma a saber se existiu, de facto, uma transmissão da doença.
Os sintomas podem também levar algum tempo a surgir, com um tempo de incubação de uma a três semanas. Semelhante a uma gripe, entre os principais sintomas destaca-se a febre, cansaço e dores de cabeça. Já no local da picada deverá também ser visível uma pequena lesão, para além de alguma possível erupção cutânea ou vermelhidão numa zona mais alargada, que pode estender-se a outras zonas do corpo.
As carraças podem ser especialmente perigosas para grupos de risco, como crianças ou idosos, que possuam um sistema imunitário debilitado.
Como retirar uma carraça?
Em caso de picada é importante que o inseto seja totalmente removido o mais rapidamente possível, de forma a evitar que infete o seu hospedeiro. Segundo os especialistas é fundamental que a remoção do parasita seja feita com o maior cuidado possível, de forma a que a cabeça da mesma não se separe do resto do corpo. “A recomendação é que utilize uma pinça, pegue na carraça pela cabeça o mais próximo possível da pele e puxe-a para fora. Não queremos torcer, porque podemos deixar parte dessa parte da boca embutida na pele. E não queremos agarrar o corpo porque, se o apertarmos, a carraça pode regurgitar mais, o que significa que estamos a aumentar a probabilidade de contrair doenças transmitidas por carraças”, explicou Kait Chapman, especialista da Universidade do Nebrasca-Lincoln, em entrevista à CNN.
Após a remoção, será também importante desinfetar a zona da picada, bem como estar atento a possíveis sintomas e alterações de pele que possam ocorrer no local da picada.