Os fatos históricos, as figuras, os relacionamentos, os escândalos, as joias, os eventos, os visuais. Tudo o que está relacionado com a família real britânica cria uma grande curiosidade nos portugueses. E não são só os eventos oficiais que fazem notícia: os momentos mais privados, que acabam por os mostrar como humanos comuns, são os que acabam por causar maior burburinho.
Existem outros países com casas reais, como a nossa vizinha Espanha, o principado do Mónaco ou até mesmo a Suécia, mas a casa real britânica é a que acaba por ter maior destaque na imprensa, entretenimento e até cultura pop. No dia 16 de novembro, a Netflix disponibilizou os primeiros quatro episódios da última temporada de “The Crown”. Os fãs desta produção de Peter Morgan correram a assistir e estão a manter a série no primeiro lugar no top nacional da plataforma de streaming. Esta é mais uma prova de que a família real britânica gera forte curiosidade entre a população portuguesa, mesmo tendo o nosso país destituído a própria monarquia no início do século XX para instaurar um regime republicano.
Mas porque se mantém esta curiosidade com a família real britânica?
Sensação de que há uma relação
Frank Farley, psicólogo e professor da Universidade de Temple, nos EUA, destaca as ligações que as pessoas criam com figuras famosas. “Por vezes vivemos através destas pessoas”, diz o especialista, que destaca ainda o fenómeno que é a criação de relações unidirecionais com estas figuras. As celebridades criam esta atenção porque representam algo que as pessoas cobiçam, ainda que de forma inconsciente. Há então uma sensação de ligação, com um lado a investir emocionalmente nesta relação que tem apenas um sentido. “Todos temos sonhos de prosperidade, felicidade e sucesso que começaram com os contos de fada que ouvimos em criança”, enaltece Farley, que associa estes desejos ao que uma família real representa.
O papel dos meios de comunicação
A família real britânica é o foco de diversos conteúdos noticiosos. Existem mesmo meios especializados em casas reais. A exposição dos media cria um círculo vicioso, pois a cobertura noticiosa de temas relacionados com a realeza faz com que as pessoas reconheçam as figuras associadas, e o interesse das pessoas leva os media a continuarem a cobrir estes assuntos.
“Não há como escapar. As pessoas vão ter acesso a estes conteúdos e algumas vão ficar curiosas com cada detalhe”, explica Farley.
O sonho que representa
O conceito de monarquia continua associado às histórias de príncipes e princesas contadas na infância. Estas permanecem no inconsciente e ganham expressão nas casas reais. “A vida não é fácil, ter sucesso é complicado. Olhar para essas pessoas, que herdaram fortuna, influência social, estilo, fama e vivem em castelos, é olhar para algo que desejamos enquanto crescemos”, explica Farley.
Porquê a família real britânica?
Portugal e Inglaterra têm uma ligação antiga graças à Aliança Luso-Britânica. Firmada em 1373, é a aliança diplomática mais antiga do mundo, ainda que já não seja invocada. Dessa forma, ainda que não falem a mesma língua nem partilhem fronteiras terrestres, os dois países têm uma conexão. Além disso, o consumo português de conteúdos e matérias britânicas, e o facto de não possuirmos monarquia em funções, faz com que a família real britânica seja um ponto de interesse português.