A campanha de crowdfunding para apoiar as custas judiciais de Mamadou Ba – condenado, pelo tribunal, a pagar multa de 2.400 euros, por difamação ao neonazi Mário Machado – já tinha angariado mais de 5 mil euros quando, na noite desta terça-feira, foi subitamente suspensa e, posteriormente, cancelada pela plataforma GoFundMe.
A VISÃO sabe que pessoas próximas de Mamadou Ba acreditam que este desfecho pode ter resultado de uma “sabotagem” levada a cabo por apoiantes da extrema-direita, que terão denunciado, em massa, a campanha nesta plataforma. Dada a quantidade de queixas, a GoFundMe decidiu retirá-la do ar. Segundo as regras desta plataforma, quem contribuiu pode agora pedir a devolução do dinheiro.
Os 50 subscritores que tinham lançado esta angariação de fundos recordavam que “Mamadou Ba já fez saber que usará os instrumentos que o Estado de Direito lhe garante para levar a justiça até às últimas instâncias, Tribunal Europeu dos Direitos Humanos incluído, se tal for necessário”. Da lista constavam nomes ligados à política, TV e artes, como Ana Gomes, Daniel Oliveira, Isabel Moreira, Mariana Mórtagua, Marisa Matias, Rui Tavares, Capicua, Carlão, Dino d’Santiago ou Vhils, entre outros.
Mamadou Ba foi condenado, na passada sexta-feira, a pena de multa – no valor de 2.400 euros – pelo crime de difamação ao neonazi Mário Machado. A sentença da juíza Joana Ferrer considerou que o ativista antirracista chamou “assassino” a Machado, o que “denegriu” e “diminuiu o arguido na sua honra e reputação”, causando “impacto” na sua vida e na da sua família, nomeadamente filhos e mãe. A defesa já anunciou que vai decorrer.
Recorde-se que na origem do processo esteve um texto publicado, no Facebook, por Mamadou Ba, no dia 14 de junho de 2020, em que este voltou a considerar Mário Machado “uma das figuras principais do assassinato de Alcindo Monteiro” – assassinado, na Rua Garret, em Lisboa, no dia 10 de junho de 1995, por militantes da extrema-direita.