Desde que se começou a estudar os efeitos das redes sociais na saúde mental dos utilizadores que a esmagadora maioria das conclusões tem apontado para o lado negativo. Mas um grupo de investigadores da Universidade de Oxford não encontrou dados que sugiram que o uso do Facebook seja prejudicial ao bem-estar mental. Pelo contrário.
A investigação analisou dados de quase um milhão de pessoas, em 72 países, entre 2008 e 2019, para tentar entender mais sobre o impacto do Facebook nestes utilizadores. O estudo, publicado na revista Royal Society Open Science, concluiu que, além de não ser prejudicial, o uso da plataforma tem “correlações positivas” com indicadores de bem-estar.
“Examinámos os dados disponíveis cuidadosamente e descobrimos que estes não sustentam a ideia de que o Facebook esteja relacionado com prejuízo. Muito pelo contrário”, revela Andrew Przybylski, co-autor do estudo. “Na verdade, a nossa análise indica que o Facebook possivelmente está relacionado com bem-estar”.
Inicialmente, os investigadores combinaram os dados sobre o bem-estar recolhidos pela Gallup no seu relatório anual representativo sobre o bem-estar de indivíduos de 164 países com as estatísticas dos membros do Facebook. “Para entender melhor as associações, vinculámos os dados do Facebook a três indicadores de bem-estar: satisfação com a vida, experiências psicológicas negativas e positivas”, explicaram os cientistas.
Chegou-se, assim, à conclusão que a associação entre o uso do Facebook e o bem-estar foi ligeiramente mais positiva para os homens e também para os mais jovens. “Embora os relatos de resultados psicológicos negativos associados às redes sociais sejam comuns na literatura académica e popular, as evidências de danos são, em geral, mais especulativas do que conclusivas”, escreveram os autores.
Matti Vuorre, também autor do estudo, deixa uma nota, apesar das limitações do estudo. “A nossas descobertas devem ajudar a orientar o debate em torno das rede social em direção a fundamentos de investigação mais empíricos. Precisamos de pesquisas mais transparentes entre cientistas independentes e a indústria de tecnologia para determinar melhor como, quando e porque é que as plataformas online podem estar a afetar os utilizadores”, concluiu.