“Não acham que está calor aqui?” “Durmo mal, não me lembro de nada… estarei doente?” Constrangimento é a palavra que melhor define o sentimento comum a muitas mulheres, na primeira década dos “entas”. O carrossel fisiológico vivido na puberdade regressa, mas no sentido inverso: vão-se as hormonas femininas e entram em cena os afrontamentos, os esquecimentos, a irritabilidade e outros sinais estranhos. A dúvida instala-se, mas raramente se olha para eles como parte de um processo natural da biologia feminina.
“Sempre fui acalorada, mas estes calores eram diferentes e incomodativos; ficava com os cabelos húmidos, a testa brilhante e parecia o Pavarotti com o lencinho na mão!”, brinca Teresa Castilho, 54 anos, enquanto exibe um dos seus leques. A proprietária de uma clínica dentária, em Lisboa, tinha 48 quando vieram os primeiros embaraços, diante de fornecedores e clientes, e a sensação de esforço redobrado para manter o rendimento profissional: “Tinha confusão mental e, por vezes, nem me saíam as palavras, algo que não associei à menopausa, pois a minha mãe e a minha irmã não tiveram queixas.”