Investigadores levaram a cabo um estudo sobre o sonho em aranhas, a fim de abrir caminho para o conhecimento e evolução do ciclo do sono.
Os investigadores britânicos e alemães responsável pelo estudo publicado na revista PNAS observaram aranhas-saltadoras bebés através de câmaras infravermelhas com uma fonte de luz integrada entre as 19h e as 07h. Descobriu-se que estes aracnídeos podem dormir e sonhar de uma forma muito semelhante aos humanos.
Os vídeos noturnos revelaram um padrão de ciclos de sono. Os membros das aranhas contraem-se, as retinas dos olhos movem-se e as patas enrolam-se quando estão prontas para dormir. O padrão descrito pelos investigadores é similar ao sono REM, uma fase do ciclo de sono dos humanos.
O sono REM, também conhecido como a fase de movimento rápido dos olhos, é uma fase ativa do sono associada aos sonhos e ocorre quando partes do cérebro mostram sinais de atividade. Anteriormente era conhecido como sono paradoxal, uma vez que o cérebro se comporta como se estivéssemos acordados.
Apesar de estudos anteriores tenham mostrado evidências de semelhanças dos estados de sono entre várias espécies animais, os investigadores acreditam que esta questão ainda permanece incerta.
O estudo do sono REM ainda está muito concentrado em vertebrados terrestres e pouco aprofundado em insetos. Contudo, as aranhas-saltadoras, também conhecidas como aranhas papa-moscas, oferecem uma forma inovadora de estudar esta fase do sono, na medida em que possuem tubos longos que deslocam as estruturas atrás dos olhos. Nos bebés desta espécie, a observação ainda se torna mais facilitada, pois o exoesqueleto é temporariamente transparente.
Os cientistas observaram ataques periódicos de movimento de retina com espasmos, tal como acontece com os humanos no sono REM, que pode ser expresso por movimentos oculares ou retinianos. “Nós levantamos a hipótese de que esses comportamentos podem ser expressões de um estado semelhante ao sono REM”, referem os cientistas.
“Os movimentos de retina observados foram consistentes, incluindo durações e intervalos regulares, com ambos aumentando ao longo da noite. Dada a regularidade das contrações e das flexões das pernas e a sua ocorrência com os movimentos da retina, ambos os tipos de movimentos pareciam ser expressões diferentes da mesma fase ativa do sono”, explicam os investigadores.
Este estudo desafia o que se sabe sobre o sono REM. “Apesar de 70 anos de pesquisa, a origem evolutiva e a função do sono REM permanecem indefinidas – devido, pelo menos em parte, à falta de amplitude taxonómica neste campo. Isso começou a mudar nas últimas décadas, com evidências de sono semelhante ao REM em répteis não aviários e até cefalópodes”, concluem.