Gonçalo Gabriel Simões Mateus, 37 anos, e Leonel do Nascimento Costa, 35 anos, encontravam-se num apartamento localizado no quarto andar do condomínio Los Pinos de Plata, na avenida Andrés Avelino Cáceres, em Piura – quase mil quilómetros a norte da capital Lima e perto (100 quilómetros) da fronteira com o Equador –, quando, na manhã da passada terça-feira, agentes da Direção Antidrogas (a Dirandro) daquele país irromperam porta adentro, apanhando-os em flagrante na posse de 157 quilos de cocaína, com elevado grau de pureza, embalados e encaixotados, prontos a viajar.

A notícia, avançada pelo jornal peruano El Comércio, mostra, em vídeo, os momentos iniciais em que a detenção ocorre, no âmbito de uma operação designada “Caso Trombas”. O diário peruano indica ainda, na sua edição online, que, além da droga, a polícia peruana apreendeu quatro telefones, um chip, materiais para transportar a droga e dinheiro (125 euros e 800 dólares norte-americanos). A VISÃO teve acesso ao momento em que Gonçalo Mateus é abordado e se identifica, pela primeira vez, junto dos agentes da polícia peruana, momentos antes de ser detido pela posse da droga (ver vídeo acima).
Os dois detidos foram, entretanto, transportados para as instalações da Dirandro de Piura, enquanto aguardam pelo desenvolvimento das investigações. A polícia antidroga peruana publicou o resultado da operação nas suas redes sociais.
Coimbra: sede da rede de narcotráfico
Gonçalo Mateus nasceu e cresceu em Coimbra, onde ainda mantém residência e relações familiares e de amizade. Conhecido na cidade pela alcunha de “Puto Marginal”, as atividades de Gonçalo Mateus são bem conhecidas das autoridades portuguesas (que o tratam por “Doutor”, por, supostamente, ter concluído uma licenciatura naquela cidade). O agora suspeito de narcotráfico no Peru tem antecedentes criminais, tendo, inclusive, cumprido, recentemente, uma pena de prisão numa cadeia de Lisboa, após ter sido apanhado a transportar droga do Brasil para Portugal. Por sua vez, Leonel Costa apresentou-se às autoridades peruanas como portador de passaporte brasileiro, mas, segundo foi possível apurar, este detido também terá nascido em Portugal, embora tenha emigrado para o Brasil, há vários anos, depois de casar com uma cidadã daquele país.

A VISÃO sabe que a Polícia Judiciária (PJ) tem, há muito, esta rede internacional de tráfico de droga debaixo de olho. A suspeita aponta para que os seus membros atuem, precisamente, a partir de Coimbra – nomeadamente do Tovim, bairro conhecido como “portas da cidade”, que liga a zona urbana da localidade à Mata Nacional de Vale de Canas.
O modus operandi será em tudo idêntico ao de outros grupos, com as mesmas características: o objetivo passa sempre por fazer atravessar a cocaína, proveniente dos países que são os grandes produtores mundiais deste estupefaciente – como Colômbia, Peru e Bolívia –, até Portugal, para então a venderem em vários pontos da Europa. O negócio continua a fazer correr (muito) dinheiro: as últimas estimativas das forças políciais apontavam que o quilo da cocaína poderia ser comprado diretamente na Colômbia por cerca de 1.700 euros, para, depois, ser vendido na Europa por 28 a 40 mil euros.
Notícia atualizada às 13h00, com vídeo do momento em que Gonçalo Mateus é abordado e se identifica junto da polícia peruana, momentos antes de ser detido pela posse de 157 quilos de cocaína.