O jornalista Carlos Vaz Marques, autor de programas icónicos como “O Livro do Dia”, “Pessoal e… Transmissível” e moderador do “Governo Sombra”, com Ricardo Araújo Pereira, está de saída da TSF, estação onde trabalha há mais de 31 anos.
Num longo post, Carlos Vaz Marques anuncia a sua “indignação” com o processo que o leva a sair da estação de rádio detida pela Global Media Group, liderado por Marco Galinha, e que qualifica de “bullying profissional”.
“Nunca pensei, ao fim de mais três décadas de dedicação, vir a ser colocado pelo Global Media Group, actual detentor da marca TSF, na situação atentatória da minha dignidade profissional a que estive sujeito nos últimos meses. Uma situação que não posso continuar a aceitar; por respeito pelo legado histórico da TSF, em memória do esforço daqueles com quem ajudei a construir uma marca de referência e, acima de tudo, pela minha dignidade pessoal e profissional”, escreve.
Como conta, foi a TSF a acabar unilateralmente com o programa ‘O Livro do Dia’ e foi-lhe pedido que aceitasse um corte no vencimento para menos de metade. “Uma proposta inaceitável a que contrapus o regresso de ‘O Livro do Dia’ ou uma rescisão amigável, nos termos em que no ano passado outros jornalistas deixaram a empresa. A actual direcção da TSF recusou ambas as sugestões: para ‘O Livro do Dia’ não há espaço na antena da TSF, respondeu-me o director; quanto à rescisão negociada também já não está em cima da mesa. Teria mesmo de ficar na empresa com o salário amputado. Ou isso ou voltar aos turnos de noticiários”, relata.
“Pacientemente, durante meio ano, tentei sensibilizar a direcção de recursos humanos da empresa para o atropelo de que estava a ser vítima. Tudo em vão.” Foi então colocado numa equipa de turno e ao longo dos últimos meses a minha actividade profissional limitou-se “a uns telefonemas de circunstância e à recolha de curtas declarações telefónicas gravadas a respeito de temas correntes, frequentemente sem qualquer relevância noticiosa”, revela Carlos Vaz Marques.
O processo segue agora para tribunal.
A Administração da Global Media Group rejeita todas as acusações de Carlos Vaz Marques. “O processo que seguirá para tribunal esclarecerá o comportamento de cada uma das partes neste processo”, declara porta-voz da empresa.
Esta saída segue-se às notícias de pressões editoriais no grupo. Os jornalistas das marcas da Global Media Group uniram-se em junho numa tomada de posição contra a administração, graças a cortes de custos, internos e externos, que geraram desconforto. As diretoras do DN e JN demitiram-se então do Conselho de Administração na senda da polémica.
Nota: Atualizado às 23h00 de 19/08 com reação da Global Media Group.