O relatório da UNESCO, apresentado na última segunda-feira, indica que as temperaturas elevadas do oceano provocaram um branqueamento de corais no maior recife do mundo, situado na Austrália. Após uma primeira avaliação em 2015, a possibilidade de ingressar na lista de perigo volta a estar em cima da mesa. A votação será já em julho, na China.
O governo australiano já reagiu à nomeação, com as ministras do Ambiente, Sussan Ley, e dos Negócios Estrangeiros, Marise Payne, a mostrarem a sua deceção a Audrey Azoulay, Diretora Geral da UNESCO e acusando a organização de não cumprir as garantias, dadas anteriormente, de que a Grande Barreira não iria ser considerada para a lista este ano. De acordo com a CNN, Sussan Ley acrescentou ainda que o governo investiu 3 mil milhões de dólares (2.5 mil milhões de euros) na proteção dos recifes.
A Grande Barreira de Coral contribui anualmente com 4.8 mil milhões de dólares para a economia australiana e apoia 64 mil empregos, de acordo com a Great Barrier Reef Foundation. Caso deixe de ser considerado património mundial, a receita do turismo pode cair drasticamente. Tal medida pode ainda levar a que os australianos não confiem nas medidas de conservação ambiental implementadas pelo governo, o que pode ser prejudicial em ano pré-eleitoral e o país pode, também, ser obrigado a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
“A Austrália não fez o suficiente pelo combate das alterações climáticas para proteger o futuro do recife”, afirmou Imogen Zethoven.
Já a Australian Marine Conservation Society, considera que a colocação da Grande Barreira de Coral na lista “seria uma decisão significativa por parte do Comité do Património Mundial, pois possibilitará inúmeras mudanças”, por poder ser o primeiro local adicionado à lista por motivos climáticos, conforme argumento a consulta ambiental da organização à Associated Press.
Segundo um relatório do governo australiano, de 2019, o recife passou de ser considerado “pobre” para “muito pobre”, o que reforça a atual opinião do Comité da UNESCO, que considera que o governo australiano não está a ser bem-sucedido com o plano Reef “2050”.
O aumento das temperaturas não é compatível com a sobrevivência dos recifes e por isso, o Conselho do Clima, segundo a CNN, recomendou que a Austrália cortasse as emissões em 75% até 2030 e chegasse a emissões zero em 2035. O país não se comprometeu com as medidas e tem como meta ambiental reduzir cerca de 26% das emissões de gases com efeito de estufa em relação ao ano de 2005 até 2030.
A Grande Barreira de Coral foi considerada património mundial da UNESCO em 1981 e possui 25% de todas as espécies marinhas conhecidas.