Há 40 anos que os cientistas têm seguido a mesma base de trabalho: se os humanos duplicarem as emissões de dióxido de carbono atmosférico, em relação aos níveis pré-industriais, o planeta acabará por verificar um aumento da temperatura entre 1,5°C e 4,5°C, o que pode ser a diferença entre um cenário pouco preocupante e um catastrófico.
Agora, um novo estudo, conduzido pelo Programa Mundial de Pesquisa Climática, realizado ao longo de quatro anos por um grupo de cientistas internacionais, calculou intervalos mais estreitos para o aquecimento. As más notícias? Esses intervalos estão mais próximos do cenário catastrófico.
O estudo baseia-se em três fatores principais: as tendências verificadas no aquecimento global contemporâneo, os efeitos que podem atrasar ou acelerar as mudanças climáticas, e informações sobre o clima do passado. “Os dados apontam para uma provável faixa de aquecimento entre 2,6°C e 3,9°C”, diz Steven Sherwood, coordenador do estudo e professor na Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, citado pelo The Guardian. “Estes são os números que realmente revelam o quão mau será o aquecimento global”, acrescenta.
O Acordo de Paris, assinado no âmbito da ONU, tenta manter o aumento da temperatura abaixo dos 2ºC, por considerar que qualquer aquecimento acima desse valor é um risco incomportável para a humanidade. A meta ideal, ainda segundo o Acordo de Paris, é 1,5ºC – os 2ºC já provocarão alterações perigosas.
Estes dados permitiram estimar com maior precisão a sensibilidade climática. Os peritos concluíram que, com os novos desenvolvimentos, as várias tendências validaram-se mutuamente, levando a uma maior confiança nos resultados.
A temperatura do planeta Terra já se encontra 1,2°C acima dos níveis pré-industriais, e se as emissões de gases de efeito de estufa continuarem a aumentar, o mundo poderá assistir a uma duplicação dos valores de dióxido de carbono nos próximos 60 a 80 anos.
Steve Sherwood diz que “era crucial compreender o potencial alcance da sensibilidade climática”. Acrescenta ainda que “todos os outros impactos das alterações climáticas mudaram de escala com a sensibilidade climática. Quanto maior é o número, mais a temperatura global sobe e maiores são os impactos”.