O projeto TESS, da agência espacial americana, é conhecido como “o caçador de planetas” e tem feito feito jus à alcunha desde que foi lançado, no verão de 2018. Mas a última descoberta, agora anunciada, teve uma participação especial: um jovem de 17 anos que estava apenas no seu terceiro dia de estágio na NASA.
O aluno do ensino secundário, que passou o verão passado a estagiar no Goddard Space Flight Center, tinha como tarefa analisar os dados do satélite quando observou algo em que ainda ninguém tinha reparado. De olho no que era suposto ser um eclipse num sistema binário (quando duas estrelas se orbitam), Cukier viu um sinal que não batia certo, em termos de ‘timing’ com o que seria de esperar do eclipse estelar. Era um planeta.
As câmaras do projeto estudam a mesma porção de céu durante 27 dias de cada vez, captando fotos a cada 30 minutos, o que permite analisar as alterações no brilho das estrelas. É a passagem dos planetas em frente às estrelas que ajuda os astrónomos a determinar a sua localização. Um planeta com duas estrelas baralha este método. O TESS só conseguia detetar o trânsito do planeta em frente à estrela maior. Veselin Kostov, investigador do SETI Institute e do Goddard Space Flight Center e principal autor do artigo, explica que este é o tipo de sinal que os algoritmos têm dificuldades em interpretar. E foi aqui que entrou o olho humano. “A contribuição de Cukier na análise dos dados das estrelas e das passagens do planeta em frente às duas estrelas foi crucial para o identificar”, elogia.
A descoberta já data de meados do ano passado mas só foi revelada agora, depois de ser comprovada.
O planeta TOI 1338 b foi descoberto a 1300 anos-luz da Terra e é quase sete vezes maior do que a Terra, com um tamanho entre o de Neptuno e o de Saturno. As duas estrelas orbitam em torno uma da outra a cada 15 dias – uma é 10% mais massiva do que o nosso Sol, enquanto a outra é mais pequena e menos quente.