Já se sabe que há outros fatores a influenciar um distúrbio de personalidade – como a educação, a situação financeira da família e os traumas sofridos durante a infância. Mas, adiantam os psiquiatras, a saúde mental das mães pode fazer toda a diferença e foi por que quiseram avaliar os seus níveis de stress durante a gravidez – avaliando os parâmetros em 3600 mulheres.
O estudo, agora publicado no British Journal of Psychiatry, foi feito na Finlândia e todos os meses solicitava às futuras mães que respondesse a um questionário, avaliando o seu nível de stress em baixo, médio ou alto. Moradoras em Helsínquia, a capital da Finlândia, as mulheres tiveram os seus filhos entre 1975 e 1976 – e depois dessas crianças terem completado 30 anos foi possível avaliar quantas tiveram qualquer diagnóstico de transtorno de personalidade: no total, registaram-se 40 casos graves, todos envolvendo internamento hospitalar.
Feita a relação com as respostas das mães, foi possível então constatar que as crianças expostas ao stress materno severo tiveram 9,53 vezes mais probabilidade de desenvolver um transtorno de personalidade do que aquelas cujas mães não o experimentaram. E mesmo nos filhos de quem considerou que tinha um stress moderado a probabilidade ainda era quatro vezes maior.
Perguntas e respostas
Quando é que se diz que alguém tem um transtorno de personalidade?
Quando certos aspetos da personalidade de alguém lhe dificultam a vida e aos que a rodeiam. Tanto podem ser pessoas excessivamente ansiosas ou emocionalmente instáveis, por exemplo paranoicas ou antissociais – mas saiba que há uma grande variedade de tipos. Estima-se que afetem cerca de uma em cada 20 pessoas. É também provável que tenhas outros problemas de saúde mental, como depressão ou problemas com drogas e álcool.
O que pode ser feito?
Não se sabe ainda exatamente como é que o stress em mulheres grávidas leva ao aumento do risco de transtornos de personalidade – tanto pode ser devido a alterações causadas no cérebro como resultado de genes herdados, ou ainda conjugado com outros fatores na educação das crianças. Mas segundo Trudi Seneviratne, que preside à faculdade perinatal do Royal College of Psychiatrists, é importante que haja mais apoio à saúde mental das mães.
“Se o stress normal que as grávidas sentem não for combatido, há uma grande probabilidade que aumente depois do parto”, disse, citada pela BBC. No seu entender, as mulheres devem ter ajuda em casa e no trabalho durante a gravidez, para poderem desenvolver estratégias que as ajude a enfrentar momentos mais stressantes. “Muitas precisam aprender a descansar, a pedir ajuda e a conversar com alguém sobre a forma como se estão a sentir”, sublinhou ainda a especialista – antes de rematar que, obviamente, também é recomendável comer uma dieta equilibrada e dormir regularmente.