Pela primeira vez, cientistas encontraram provas que os humanos estão a ingerir partículas microscópicas de plástico na sua alimentação. Apesar da dimensão reduzida do estudo, (oito participantes, cada um de seu país, os investigadores realçam que em todas as amostras de fezes foram descobertas partículas de nove tipos de plástico. Polipropileno (PP) e Polietileno tereftalato PET) foram os mais comuns.
Os testes foram levados a cabo pela Agência austríaca do Ambiente, com recurso a uma nova técnica, que permitiu encontrar, em média, por cada 10 gramas de fezes, 20 partículas de microplásticos (definidas pela dimensão inferior a 0,5 milímetros).
Com base nestas conclusões, os investigadores estimam que “mais de 50% da população mundial possa ter microplásticos nas suas fezes”.
“Este é o primeiro estudo a confirmar o que há muito suspeitávamos, que os plásticos acabam por chegar ao intestino humano”, comenta Philipp Schwabl, da Universidade Médica de Viena, que liderou a investigação, apresentada esta terça-feira.
Os efeitos do plástico no organismo humano ainda não estão bem avaliados, mas os especialitas acreditam que a presença de plástico no intestino pode limitar a ação do sistema imunitário e contribuir para a transmissão de toxinas ou vírus.
“As partículas mais pequenas de microplástico conseguem entrar na corrente sanguínea, no sistema linfático e podem até chegar ao fígado”, alerta Philipp Schwabl.
Estima-se que, atualmente, 5% de todo o plástico produzido acabe no mar e estudos anteriores já tinham demonstrado a presença de plástico no intestino de peixes, na água da torneira e até em insetos voadores e pássaros. Também nos refrigerantes foram encontrados microplásticos.
Para já, a fonte das partículas das fezes humanas ainda não foi identificada. Aos participantes foi pedido que anotassem diariamente o que consumiam e os registos mostram que todos estiveram expostos ao plástico diretamente, através de alimentos embrulhados neste material ou por beberem água a partir de garrafas de plástico. Seis dos participantes ingeriram peixe e nenhum era vegetariano.