A “Parker Solar Probe” foi lançada esta madrugada da base de Cabo Canaveral, na Florida e tem como destino a coroa do sol, a camada mais externa da atmosfera da estrela, mais quente do que a sua superfície e de onde saem partículas energéticas, sobretudo eletrões e protões.
Na sua órbita final, antes de colapsar, a sonda vai viajar a 696 mil quilómetros por hora, o que a tornará no objeto feito por humanos mais rápido de sempre, e estar a cerca de 6,1 milhões de quilómetros de distância da superfície da estrela, isto é, mais de sete vezes mais próxima do Sol do que a sonda Helios 2, que detém o atual recorde de distância.
Mas como é que não vai arder ou derreter até lá chegar? A agência espacial americana explica que a sonda, que tem o tamanho de um carro pequeno , conta com um escudo térmico, feito à base de carbono, que lhe permite resistir a temperaturas superiores a mil graus Celsius na sua maior aproximação ao Sol, permitindo, ao mesmo tempo, que o material coronal “toque” a sonda, para a investigação.
A NASA explica ainda que para compreender o que deverá manter a Parker e os seus instrumentos seguros é preciso distinguir o conceito de calor do conceito de temperatura e esclarece que, contraintuitivamente, temperaturas mais elevadas nem sempre se traduzem na capacidade para aquecer outro objeto. No espaço, a temperatura pode ser de milhares de graus sem que um objeto seja aquecido. “Porquê? A temperatura mede a velocidade a que as partículas se mexem, enquanto o calor mede o total de energia que transferem. As partículas podem mover-se rapidamente (alta temperatura), mas se forem poucas, não vão transferir muita energia (pouco calor). Como o espaço é maioritariamente vazia, há muito poucas partículas que possam transferir energia para a sonda”, prossegue o esclarecimento da NASA.
A coroa solar tem uma temperatura extremamente alta mas uma densidade muito baixa. Como a Parker vai interagir com poucas partículas quentes, não vai receber tanto calor. Isto quer dizer que apesar de viajar entre temperaturas de vários milhões de graus, a superfícia do escudo “só” vai aquecer até aos cerca de 1400 graus Celsius (a lava dos vulcões oscila entre os 700 e os 1200).
Mas vamos então ao escudo, ou ao TPS, a sigla em inglês para Sistema de Proteção Termal: Tem cerca de 2,4 metros de diâmetro de cerca de 115 milímetros de espessura, o suficiente para garantir ao interior do aparelho uns confortáveis 30 graus.
Com uma espécie de espuma de carbono ensaduichada entre duas placas de carbono também, e um toque final de tinta branca cerêmica, o TPS resistiu, em testes, a 1650 graus.
Fora desta proteção vai estar, no entanto, um sensor para medir o vento solar, concebido para sobreviver a temperaturas extremas e ainda assim transmitir leituras corretas para os instrumentos a bordo.
A sonda vai navegar pela atmosfera do Sol aproveitando a janela de oportunidade dada pela gravidade de Vénus, o segundo planeta mais próximo da nossa estrela.