Eye Can Write: A Memoir of a Child’s Silent Soul Emerging (que, numa tradução livre, seria “Os olhos podem escrever: Memória da alma silenciosa de uma criança a emergir”) , assim se chama o livro de memórias que Jonathan Bryan, de 12 anos, escreveu, ou melhor, comunicou. O menino britânico, que nasceu com uma paralisia cerebral grave que condiciona, entre outras coisas, o movimento, demorou cerca de um ano a fazê-lo.
Devido às suas limitações, os professores de Jonathan nunca o ensinaram a escrever e a ler e, por isso, quando Jonathan tinha sete anos, Chantal Bryan, a mãe, decidiu dispender algumas horas do seu dia para o fazer – até então, a única forma de comunicação entre os pais e a criança era não verbal, como os sorrisos.
Quando completou nove anos, Jonathan já conseguia soletrar todas as palavras que queria e, depois de três, ao contrário do que seria de esperar, conseguiu escrever um livro, que desafia completamente a sua idade – mas, principalmente a sua deficiência.
E fê-lo de forma diferente: com a ajuda de um quadro E-tran, feito de um plástico rígido transparente onde se podem colocar símbolos e palavras e ideias para quem tem limitações físicas, Jonathan comunicou a mensagem que queria passar. Através do movimento dos seus olhos, a criança indicou quais as letras que pretendia usar à pessoa que comunicava com ela e que estava a segurar no quadro. À CNN, a mãe contou que esta foi uma forma de poderem “olhar literalmente” para os olhos de Jonathan.
O livro de Jonathan explica, logo no início e a partir da perspetiva da mãe, toda a história de Jonathan e a forma como começou a conseguir soletrar e escrever. “O seu corpo não faz muito, mas isso não significa que a sua mente não esteja ativa”, diz Chantal.
Já pelos olhos do menino, o livro, lançado no início deste mês, é uma viagem pela fé na religião – uma parte importante da sua vida- e pela paixão à vida.Todos os seus medos e esperanças estão descritos no livro. E, apesar de ser uma autobiografia de Jonathan, as mensagens que pretende passar têm como destinatários todos os que estejam na mesma situação, e também os seus familiares.
Uma das lutas dos pais de Jonathan, agora, passa por ajudar todas as crianças a terem a oportunidade de estudar e aprender, tenham elas limitações ou não – direito esse que não foi dado a Jonathan. Por isso mesmo, uma parte dos lucros do livro vão ser doados à Teach us Too, uma instituição de caridade britânica que luta pelo direito de todas as crianças aprenderem a ler e escrever, independentemente da sua condição física e mental.
O livro está à venda na Amazon, mas ainda não foi traduzido para português.