Uma equipa internacional de investigação liderada por Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciência, identificou características importantes das células cancerígenas, que podem ajudar os médicos na luta contra o cancro
Os investigadores descobriram, segundo o estudo divulgado esta quarta-feira na revista científica Nature Communications, que na maioria dos subtipos agressivos de cancro aumenta o número e o tamanho de umas estruturas minúsculas que existem nas células chamadas centríolos.
Num comunicado divulgado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência explica-se que os centríolos são cerca de cem vezes mais pequenos do que um fio de cabelo e que têm sido considerados o “cérebro da célula”, porque desempenham “papéis cruciais na multiplicação, movimento e comunicação entre células”.
“Esses são processos normalmente alterados no cancro e que permitem a sobrevivência e multiplicação das células cancerígenas”, explica o Instituto, acrescentando que o número e tamanho dos centríolos são “altamente controlados” nas células normais. O que os investigadores descobriram foi que nas células cancerígenas os centríolos são frequentemente mais longos e em maior número do que nas células normais.
“Mais importante, a equipa observou que o excesso de centríolos é mais prevalente em formas agressivas do cancro da mama, como o triplo negativo, e do cólon. Descobriram também que os centríolos mais longos são excessivamente ativos, o que perturba a divisão das células e pode levar à formação de cancro”, diz-se no comunicado.
Gaelle Marteil, primeira autora do estudo e investigadora do laboratório de Mónica Bettencourt Dias, disse, citada no comunicado: “Os nossos resultados confirmam que uma desregulação no número e tamanho dos centríolos dentro das células está associada a características malignas. Esta descoberta pode ajudar a estabelecer as propriedades dos centríolos como uma forma de classificar tumores de modo a determinar prognósticos e prever o tratamento adequado”.
O estudo envolveu uma equipa de investigação internacional do Instituto Gulbenkian de Ciência em colaboração com investigadores do I3S- Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, IPATIMUP — Instituto de Patologia e Imunologia Molecular, Instituto de Medicina Molecular, Instituto Português de Oncologia, e Dana-Faber Cancer Institute dos Estados Unidos).
Mónica Bettencourt Dias, bióloga, é a diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência. Substituiu este ano o britânico Jonathan Howard.
Lusa