Pedro Dias não estava presente em que o juiz Marco Gonçalves, do Tribunal da Guarda, o condenou pelo homicídio de Carlos Caetano, militar da GNR, e do casal Liliane e Luís Pinto, que se deslocavam de carro, de Palhais, no concelho de Trancoso, para Coimbra, onde iriam fazer tratamentos de fertilidade. O criminoso, detido no estabelecimento Prisional de Monsanto, alegou motivos de saúde, provocados por hérnias discais, para assistir à leitura da sentença por videoconferência.
Além dos três crimes de homicídio, Pedro Dias foi ainda condenado por três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas.
No total, Pedro Dias foi condenado a mais de 98 anos anos de cadeia, sendo a pena máxima, em Portugal, de 25 anos. “Devia ser 25 anos por cada pessoa que matou”, disse Maria de Fátima, mãe de Liliane Pinto, ao Correio da Manhã.
O total da pena corresponde a 21 anos homicídio de Carlos Caetano; 22 anos pelo homicídio de Luís Pinto; outros tantos pelo homicídio da sua mulher, Liliane; 11 anos e 6 meses pelo homicídio na forma tentada de António Ferreira e seis anos pelo seu sequestro agravado; dois anos por agressões a Lídia da Conceição e um ano e seis meses pelo seu sequestro; um ano e seis meses pelo sequestro de António Duarte; e mais 11 anos e dois meses por furtos a estas vítimas.
O tribunal deu como provado que, na madrugada de 11 de outubro de 2016, Pedro Dias tinha na sua posse uma arma proibida com munições; que disparou sobre Carlos Caetano, militar da GNR, junto a um hotel que estava em construção nas Caldas da Cavaca, Aguiar da Beira. Depois, o homicida “obrigou Ferreira (o outro militar da GNR, que tentou matar) a circular em várias direções e estradas do concelho até chegar à Serra da Lapa”. O acórdão continua dizendo que o arguido abandonou o veículo da GNR com o corpo do militar junto à Quinta das Lameiras, tendo então roubado o veículo de Liliane e de Luís Pinto, que circulavam na estrada nacional 229.
O tribunal deu como provado que as mortes de Liliane e de Luís Pinto resultaram de lesões traumáticas provocadas por disparos. Luís morreu no local; Liliane foi levada ainda com vida para o Hospital de Viseu, onde permaneceu seis meses em estado vegetativo. Viria a falecer em abril de 2017.
O Tribunal da Guarda deu ainda como provado que Pedro Dias agrediu Lídia da Conceição, na sua casa em Moldes, Arouca, apontando-lhe ainda uma arma de fogo à cabeça e ao peito. Mas em vez de qualificar o ato como homicídio qualificado sob a forma tentada, o juiz classificou-o como ofensas corporais graves. Recorde-se que o homicida andou foragido quase um mês, tendo negociado a sua rendição a 8 de novembro.