O ecstasy é capaz de criar a sensação de duas pessoas serem uma só. Quando tomado em conjunto pelo casal, tem o potencial necessário para trazer à superfície as emoções mais profundas. O sentimento de ligação ao outro atinge um pico tão elevado que temas como fantasias sexuais ou infidelidade entram no diálogo “sem medo” de parte a parte. “Houve algumas experiências extraordinárias, em que a sensação de proximidade foi tão profunda que a maior fronteira de todas ficou esbatida: aquela que separa uma pessoa da outra.”
As conclusões são da investigadora Katie Anderson, da Universidade South Bank, em Londres, que estudou as alterações nas relações entre vários casais depois de consumirem a chamada “droga do amor” em conjunto. Segundo antecipou ao jornal britânico The Independent, “dentro de dez anos ninguém vai sequer pestanejar se disser que vai a uma sessão de psicoterapia assistida com MDMA”, a abreviatura do nome técnico desta droga, metilenodioximetanfetamina.
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comprimidos de ecstasy
© Romeo Ranoco / Reuters
O nome científico do ecstasy estende-se, assim como as suas consequências na aproximação dos casais, garante Katie Anderson. Mesmo depois de passar o efeito químico, a investigadora diz que ficou demonstrado que permanece no casal a memória de uma partilha sem reservas, o que preserva os benefícios para a relação independentemente do recurso à substância. Como se passassem a viver numa espécie de “bolha” comum.
Antes que possa tornar-se um tratamento banal, como prevê Katie Anderson para um futuro não muito longínquo, há um grande desafio pela frente: criar uma versão clinicamente testada e aprovada para a droga. Sendo ilegal – e muito perigoso para a saúde -, o ecstasy precisa de ser transformado de modo a “tornar-se seguro e eficaz para esta terapêutica”, ressalva a pesquisadora, que já começou a dedicar-se a esse projeto.
Nos Estados Unidos, o ecstasy já recebeu luz verde para ser testado no tratamento do stresse pós-traumático, o que deixa a porta aberta para outras experiências clínicas.