Se o mais alto quadro executivo da sua empresa é cruel, desonesto, egocêntrico e demonstra uma total falta de remorsos e empatia com os empregados, é bastante provável que esteja a partilhar o seu local de trabalho com um psicopata. Um em cada cinco quadros de topo revela uma personalidade com estas características, numa tendência muito superior à observada em qualquer outro cargo e só equiparável à população de reclusos.
Esta é a principal conclusão de um estudo liderado por Nathan Brooks, psicólogo forense especializado em avaliação psicológica e deteção de mentiras. Em conjunto com Simon Croom, da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, e Katarina Fritzon, da Universidade Bond, na Austrália, criaram um método para os patrões identificarem os traços de psicopatia nos processos de seleção de candidatos. E, ao aplicá-lo em 1000 pessoas com diferentes estatutos nas respetivas empresas, saltou-lhes à vista os resultados dos 261 altos quadros que participaram: 21% revelaram traços de psicopatia, quando na restante população a percentagem anda na casa do 1%. A única outra exceção são os criminosos.
“Por norma, a sua personalidade leva-os a explorar cada avenida que se abre à sua frente, quer seja num cenário de crime ou dentro de uma organização”, explica Nathan Brooks, que apresentou o estudo esta terça-feira, 13, no arranque do congresso da Sociedade Australiana de Psicologia, a decorrer em Melbourne até sexta-feira.
“Estamos a falar de pessoas que fazem de tudo para dominar os outros. São impiedosas. Muito insensíveis. Não têm consciência e é tudo uma questão de ganho pessoal”, refere o psicólogo forense, acrescentando que, mais cedo ou mais tarde, o típico “psicopata cria o caos e tende a jogar as pessoas umas contras as outras”, por muito que até possa passar por um período de sucesso inicial.
Outra característica que ajuda a identificá-los é a obsessão por se livrarem de quem lhes possa fazer frente na hierarquia da empresa. “Tem tudo a ver com eles e o processo desenrola-se como um jogo de xadrez. A quem é que podem cortar as pernas para ocuparem aquela posição?”, atira Nathan Brooks, citado pela imprensa australiana, a propósito da sua investigação que vem reforçar estudos anteriores sobre a maior predominância de psicopatas em lugares de topo das empresas, mas com uma incidência muito superior ao que se estimava até agora.