É uma doença antiga, que demorou a ser controlada. Com a descoberta da penincilina, tornou-se possível tratar a gonorreia. Agora, teme-se que ainda voltemos aos tempos bíblicos. De acordo com o centro de controlo de doenças americano (CDC), a gonorreia está a desenvolver resistência aos dois últimos antibióticos capazes de tratar esta doença sexualmente transmissível. “Está prestes a tornar-se resistente a todos os antibióticos, e logo incurável pela medicina atual”, lê-se no site Science Alert, que divulgou o estudo. Na análise feita ao longo de 2014, verificou-se que a resistência a um dos medicamentos tinha quadriplicado e ao outro tinha duplicado.
Nos Estados Unidos, 820 mil pessoas estão infetadas com a bactéria Neisseria gonorrhoeae, sendo metade destas da faixa etária entre os 15 e os 24 anos.
“Continua a ser uma taxa de resistência baixa, mas sabemos que esta bactéria tem demonstrado capacidade, repetidamente, de desenvolver resistência aos antibióticos usados para a tratar. É uma possibilidade muito real que a gonorreia venha a tornar-se intratável no futuro”, alertou o médico e perito do CDC, Robert Kirkcaldy.
Não tratada, a doença pode provocar infertilidade e em último caso levar mesmo à morte.
As doenças sexuais têm vindo a aumentar em vários países. No Reino Unido, vários casos de resistência têm vindo a ser detetados, por associação à auto-medicação e à toma inadequada da medicação. De 2012 para 2014 houve um aumento de 76% dos casos de sífilis e de 53% de gonorreia, sobretudo entre os homossexuais e os jovens adultos. Uma consequência do sexo sem preservativo.
Em Portugal, estas patologias de declaração obrigatória, também têm vindo a aumentar. Em 2014, ocorreram mais 90 casos de gonorreia do que no ano anterior, para um total de 206, e mais 181 de sífilis, somando-se 367 casos.
Já vários grupos em todo o mundo procuram uma nova geração de antibióticos, que possam vir a resolver o problema das resistências, que põe em risco o combate a diversas doenças infecciosas. Mas o mais seguro mesmo é evitar a propagação de vírus e bactérias, o que no casos das doenças sexualmente transmissíveis significa usar preservativo durante as relações sexuais.