“Caem no meio do passeio”;”atiram-se contra os carros”; “vomitam e urinam-se”, estes são alguns dos relatos de moradores de Brooklyn, que vivem na esquina da Broadway com Myrthe Avenue. Esta interseção tornou-se no local de venda e consumo da droga K2, que está a assustar as autoridades americanas, sobretudo as de Nova Iorque.
Esta droga, conhecida como marijuana sintética, vendia-se também em Portugal, nas lojas conhecidas como smart shops, entretanto encerradas. Em Nova Iorque a sua venda também se tornou ilegal, mas isto não tem impedido o aumento no consumo.
Só na última semana, 130 jovens foram internados com complicações associadas à droga que consegue ser cem vezes mais potente do que a marijuana. “Tem um efeito muito potenciado e muito mais tóxico”, alerta a cientista do grupo de adição do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Teresa Summavielle. “Em Portugal, os casos de jovens com problemas por causa do consumo da droga [também conhecida como spice] diminuíram muito desde que as smart shops foram encerradas”, relata a especialista.
Em 2015, morreram pelo menos dois jovens por causa dos efeitos da droga e num estudo americano recente aponta-se para uma taxa de utilização de 8% entre os estudantes do secundário. A morte é o fim da linha. Mas o produto, que pode ser fumado ou tomado em chá, pode causar danos nos rins, levando à necessidade de transplante ou hemodiálise. Pode ainda ter efeitos nefastos no sistema cardiovascular, causar enfartes e acidentes vasculares cerebrais.
Num antrevista ao canal de televisão americano NBC, a especialista Marilyn A. Huestis, que já esteve à frente do departamento de química e metabolismo do Instituto Nacional de Abuso de Drogas, revela que os canabinóides sintéticos começaram por ser produzidos de forma legal, como ferramenta para se estudar o modo de funcionamento do nosso próprio sistema canabinóide – importante para funções críticas como o controlo da temperatura, a fome ou a reprodução. Também tem um papel importante na função executiva do cérebro. “Os investigadores que descobriram como fabricar estas drogas sintéticas publicaram os seus resultados em revistas científicas e os fabricantes ilícitos aprenderam a partir daí”, dia a investigadora americana.
“Secam plantas para lhes dar um ar natural, mas na verdade a droga é o pó, sintético, que é adicionado”, alerta Teresa Summavielle. “A venda é ilegal em Portugal, mas há pessoas que a compram pela Internet. “