PARA LER AQUI:
TPC: O que dizem os números sobre os trabalhos de casa das nossas crianças
Prós e Contras: Para que servem os TPC?
“Na Holanda, onde vivo, não existem TPC até aos 11/12 anos de idade. O que traz muito sossego e só um lado negativo: só a partir dessa idade começam a entender o que significa estudar sozinho e isso é um choque. Mas é a filosofia educativa do país, para deixar as crianças serem crianças e terem tempo para atividades extra escolares. Além disso não há aulas na maioria das escolas depois das 15h. E só há 6 semanas de férias no verão, com mais períodos curtos durante o ano. Em casa o fim do dia e para a família, sem stress de TPC, e a criança está na cama às 19h30 no máximo. Um mundo de diferenças com Portugal.”
Elsa Patrício de Barros
“Penso que os trabalhos de casa deveriam ser feitos na escola, na sala de aula. Se os professores fazem a gestão do tempo da lição, acho que deveriam guardar cerca de dez minutos para os TPC. Sou professora reformada e, como tal, tive de enfrentar esta realidade: ou os alunos eram muito bons e faziam os trabalhos sozinhos, ou os pais faziam por eles, ou copiavam dos colegas. Com a gestão do tempo na aula, comigo faziam-nos individualmente, pedindo auxílio quer a mim, quer a um colega por mim indicado. Aprendi que o trabalho entre pares era mais produtivo. Por vezes explicava qualquer coisa, eles diziam não ter compreendido, eu pedia a um colega que explicasse. Apesar de usar as minhas palavras, o aluno explicador era melhor entendido.”
Amelia Marques
“Os TPC são assunto de discussão polémica todos os anos. É natural. Os meninos, em geral, todos os anos mudam de ano escolar e, portanto, os trabalhos e a respetiva exigência ou dificuldade tambem são diferentes. E as rotinas das famílias tamém são, em geral, diferentes todos os anos. Até aqui nada de estranho.
Os trabalhos de cada ajudam a fixar as lições. Ajudam a identificar as dúvidas de que os alunos só se aperceberam quando estavam a executá-los. Ajudam os pais a perceber o que se está a passar na escola com os seus filhos, o avanço, as dificuldades a facilidade com que eles assimilam, etc. Portanto, é bom que se façam. (estou em crer que há pais que nem sabem em que ano andam os filhos…)
Mas os TPC são uma prova de inteligência para os professores, acima de tudo. Saber quais os pontos da matéria que as crianças devem entender e fixar nas horas seguintes, os necessários e suficientes, é tarefa dos professores. Saber como apresentar os trabalhos para que os alunos gostem de os fazer, é uma prova de competência de um bom professr. E os trabalhos de casa não servem para explicar matéria ou dar matéria, obviamente.
E se os meninos têm erros nos TPC, provavelmente é necessário reexplicar na aula para uns ou para todos.
Os trabalhos são para os alunos, não para os pais. Acontece ccom muita frequência, que os pais intervêm de forma sistemática e exigente porque não querem que os seus rebentos sejam considerados maus alunos.
É importante que os pais percebam que os trabalhos de casa bem feitos não servem para provar que os meninos são bons alunos, mas são um auxiliar de sistematização de conhecimentos.
Se os meninos andam em explicadores ou em ATL’s e nestes, fazem os trabalhos de casa, não deverá haver mais nada a fazer em casa, senão, eventualmente umas conversas sobre o que foi dado e aprendido para que haja diálogo com a família.
Se os meninos não andam em explicadores nem em ATL’s, poderá haver concorrência “desleal” com os que andam.
Parece-me que, nestes casos, os TPC feitos em casa são muito importantes e os pais devem criar condições de serenidade para, pelo menos, motivarem as crianças a fazê-los.
Se os pais não têm tempo para estar ao lado dos meninos a explicarem como se faz, não estejam. Se calhar o problema é deles, dos seus horários, das horas a mais que dão aos patrôes, do tempo que perdem em lojas, na insipiente divisão de tarefas familiares, por exemplo. Esforcem-se por melhorar, mas não culpem os TPC’s.
Se os meninos não têm vontade de fazer os TPC, não façam. Há dias e dias. Mas criem-se-lhes hábitos e rotinas de trabalho diário. Ganham todos.
Tive dois filhos a estudar, com 10 anos de diferença. E duas netas atualmente no ensino básico. As teorias variaram e as modas também. Mas, a final, posso assegurar que fazer TPC’s com conta peso e medida, adequados à idade das crianças, é acima de tudo, um bom exercício de disciplina e organização que os vai preparar para horas mais complicadas…”
Maria Isabel
“Cara Teresa Campos, antes de mais, eu fui umas das pessoas que achei imensa piada à vossa “mentirinha”, partilhei-a e comentei-a. Obrigado, Professor(a)… foi uma das páginas que usei. Congratulo-vos por voltarem a aprofundar o tema, porque, como bem diz, é a escola que ainda resiste à mudança.”
José Paulo Santos
“Claro que devem continuar os TPC. Sempre existiram e os miúdos têm, sem dúvida, melhores resultados. Primeiro, porque acentuam a revisão do que lhes é ensinado durante as aulas (muitos distraem-se, perdendo toda a matéria ); Segundo, porque enquanto estão a rever a matéria estão a aprender e isso é bom, pois alëm de adquirirem conhecimento estão afastados de atividades nocivas para o seu desenvolvimento normal enquanto futuros cidadãos; Terceiro, os alunos desinteressados pelo ensino são naturalmente obrigados a levar a matéria estudada de casa; E, por último, reforça o seu nivel de conhecimentos e interesse pela aprendizagem quando ajudados por elementos da família (pai,mãe,etc) que tem tempo e / ou formação académica para o fazer!”
Lala Lapa
“Discordo totalmente, eles estão uma quantidade enorme de horas na escola a aprender. Quando saem devem poder brincar, desanuviar, descansar, dormir. Uma criança só aprende quando está equilibrada e tem o devido descanso. Gostava de sair de 8 horas de trabalho e ir para casa trabalhar ainda mais com a desculpa que é para consolidar o que esteve a fazer as 8 horas anteriores?”
Joana Andrade
“O meu filho tem TPC uma vez por semana. Traz à terça e entrega à segunda. É importante para o ajudar a sistematizar a matéria, mas sobretudo permite-lhe gerir o volume de trabalho de forma responsável. Gosto que aprenda a organizar-se e ele divide de maneira a ter sexta sábado e domingo livres. Às vezes não lhe apetece fazer, às vezes não me apetece ajudar, mas no fim acaba por correr bem. Agora TPC todos os dias, depois de 8 horas na escola não me parece justo nem produtivo. Quando escolhi a escola dele, este foi um dos pontos a favor.”
Ana A. Caraballo Lopes
“Chegaram a casa, doidos de todo, cheios de energia que é contida à força e a muito custo, nas quase nove horas que passam na escola. Lá fora chove, timidamente, mas quanto baste para impedir uma sessão de grandes defesas a uns pénaltis valentes. A televisão e as consolas têm crédito semanal e o saldo já esgotou . Depois do banho, arrastei-os para a cozinha . Escolheram a ementa, separaram os ingredientes e puseram mão à obra enquanto eu lia a VISÃO.
Dei literalmente de caras com um artigo da Teresa Campos, sobre os TPC, que ri e reli, ao mesmo tempo que perguntava quantos gramas são um kg, quantos decilitros cabem num copo de leite ou porque é que a farinha precisa de ser bem mexida para se transformar em creme .
Os meus pequenos cozinheiros, numa hora, a brincar e em equipa, aprenderam química, biologia, ciências da natureza, electrotecnia ( mandaram o quadro abaixo três vezes) e até noções básicas de socorrismo porque os tachos queimam .
Divertiram-se, descontraídos, curiosos empenharam-se em descobrir os segredos da lasanha e do chiffon de chocolate .
E ao vê-los assim, penso na Teresa, no artigo da Teresa. E no quanto há, minha opinião, a mudar. Que não faz qualquer sentido ter miúdos com a cabeça enfiada no livro de fichas, a picar os miolos, já cansados de um dia inteiro de trabalho. Conhecem melhor maneira de aprender do que a brincar? Eu não .”
Susana Taipa Guerra