Em sincronização
Palavras, promessas e forças centrípetas
Já se sabe que anunciar medidas e fazer promessas tem de ser gerido com cautelas, porque cria um problema de credibilidade em vez de atrair eleitores, mas nesta altura do campeonato não se olha a meios. As contas virão mais tarde

Um minuto de silêncio pela imagem das instituições
Ficou à vista de todos o estado a que chegou a Justiça-espetáculo, que detém suspeitos à frente dos filhos, que durante seis dias prende pessoas para interrogar que acabam por não ficar em prisão preventiva, que revela fragilidades, lapsos e erros

O regresso do antissemitismo
Muitos, que arquivaram as histórias da Inquisição, da Segunda Guerra Mundial e do Babi Yar num passado que lhes parecia longínquo, dizem que, pela primeira vez, passaram a sentir medo das suas origens e da sua fé. Algo que nunca imaginariam que fosse possível

Inflação: matar o tumor, sem odiar o médico
A inflação é como um tumor num organismo: há poucos fenómenos mais social e economicamente disruptivos. E debelá-la custa muito

A educação e o elevador social encravado
Deve ser esta a função primordial da escola pública: servir de elevador social. E, assim, através da educação, corrigir desigualdades sociais e criar uma sociedade mais justa. O problema é quando o elevador encrava. Vivemos, parece-me, um desses momentos, e quando é mais importante que ele funcione

Dois abre-olhos
O resultado das eleições espanholas devia fazer abrir a pestana das lideranças do PSD: a demarcação clara do Chega, sem rodriguinhos nem cartas na manga, tem de ser feita

Enraivecidos
As redes vivem do vício dos utilizadores e da dopamina que estes ganham ao receber likes, comentários e visualizações. E vivem da exploração dos mais instintivos sentimentos humanos: a vaidade, o amor, o medo, a dor, a raiva

De Espanha, ventos e lições
O Vox, também radical, populista e conservador, não é o Chega. Ambos são a terceira força política, mas este está longe de ter a mesma substância, o mesmo capital humano e a mesma solidez do “congénere” espanhol

A estupidificação digital
É preciso mudar tudo. O ensino deve estimular a interação humana, a criatividade, a empatia, a experiência. A sua tarefa principal não pode ser debitar informação – essa está por todo o lado –, mas criar cidadãos que reflitam, que relacionem, que acrescentem, que idealizem, que se mexam. Tudo o que um ensino feito através de ecrãs não oferece

O Escangalho
A estabilidade é uma miragem em Portugal. Depois da Geringonça, veio o “Escangalho”. Parece-me um bom epíteto para o XXIII Governo, sinónimo de balbúrdia, confusão, desordem. Contra todas as expectativas depois de conseguida uma maioria absoluta, este é um Governo em autodestruição acelerada, numa degradação penosa que arrasta com ele a imagem das instituições democráticas

Senhoras e Senhores, começou a guerra São Bento - Belém. E não é bonita de se ver
António Costa apostou uma jogada de alto risco. Transformou o seu maior aliado político no seu inimigo público. Um taticismo que só tem uma explicação: o PM está preparado para tudo, incluindo eleições antecipadas

Lula, paz e horror
Não sabemos o que dirá Lula da Silva quando discursar na Assembleia da República de um país da União Europeia, que ele vê como belicista e parte ativa no conflito. O mal está feito. As suas opiniões são livres, e não podemos misturar o país irmão, com uma História comum com Portugal, com o seu representante político

Em busca da iniciativa perdida
O problema, como quase sempre, está nos detalhes. E, tanto na habitação como na inflação, há uma componente panfletária nas medidas apresentadas que contamina ambos os pacotes

Assim falou Marcelo, o grande sintonizador popular
Foi rigorosamente sintonizado e alinhado com a perceção maioritária, que foi duro tanto nas críticas que dirigiu ao Governo como à Conferência Episcopal

Aterragem de emergência
O problema é do tamanho de um porta-aviões: a TAP é, há décadas, palco de gestão ruinosa, más práticas, abusos e compadrios – uma companhia governada, com opacidade, conforme as conveniências momentâneas, com as condições de uma empresa privada num setor altamente concorrencial, mas com os direitos de uma empresa pública, quando é preciso tapar buracos

Habitação: Estado a mais, eficiência a menos
A questão é que o mercado é intrincado e não se presta a soluções fáceis, indolores e muito menos de efeito imediato. E quando existem dois direitos em conflito, que têm de ser articulados – o da propriedade privada e o da habitação, ambos consagrados na Constituição –, estamos também perante um clássico terreno fértil para profundo confronto ideológico

Vai tudo pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis
Há dúvidas sobre a magnitude e o epicentro do terramoto de 1755 – o que traz implicações, por exemplo, na correção do nosso mapa de riscos sísmicos

Os terroristas do bem. Opinião de Mafalda Anjos
Pessoas comuns intoxicadas por um discurso populista, manipuladas por propaganda digital, atiradas para as trincheiras de uma luta irracional contra os princípios basilares da democracia

Não me atrevo a dar conselhos a Ronaldo. Mas apetecia-me dar-lhe um abraço
A forma como lidamos com os tropeços alheios – sobretudo os de quem já tantas alegrias nos deu – diz muito mais sobre nós, do que sobre quem escorregou e caiu

Raimundo, o operário (da política) que se segue. Opinião de Mafalda Anjos
O que resta da força do PCP está nas autarquias e nas ruas, e é para as ruas que vai voltar agora com Paulo Raimundo, numa luta que pode bem ser pela sua sobrevivência. Se com os mesmos métodos e a cassete reivindicativa de sempre ou se com novidades e pequenas nuances – será esperar para ver

Aflitos, mas almofadados. Opinião de Mafalda Anjos
Entre o arrojo e a cautela, o Governo escolheu a segunda. É uma opção sensata perante o nível de incerteza elevado que temos adiante, justifica-se. Talvez seja, de facto. Mas não vale a pena dourar a pílula: depois da austeridade laranja, temos agora a contenção rosa
