A ideia do heterónimo Beatriz Gosta surgiu após inúmeras conversas com a minha melhor amiga Ana Fernandes (Capicua). Ela andava a ler a biografia da atriz Beatriz Costa e achou de caras que eu tinha muitas parecenças com ela. Baixinha, popularucha, não era intelectual… O ‘Gosta’ tem a ver com a internet, o youtube, o facebook, o pôr ‘like’ em algo.
Tirei o curso de design de moda, mas sinto que não nasci para ser designer. Mas isso não impede de gostar muito de moda, design e arte. Gosto de fazer rap, de fazer almofadas e carteiras, de fazer Beatriz Gosta, de cantar em cima de um palco para um montão de gente. Não gosto de cozinhar e de criar sobre pressão. Crasho direto!
A nova temporada de ‘Beatriz Gosta’ começa dia 13 e acabará no verão, com 12 ou 13 episódios. Como a anterior, sairá aos domingos à noite, quinzenalmente. Além dos episódios a que estão habituados, estamos a preparar um formato novo que aproxima ainda mais a Beatriz Gosta dos seus seguidores e amigos. Mas ainda é surpresa… A nova equipa é composta por Sofia Arriscado e Lídia Queirós (no vídeo), Rita Goulão (na ilustração), eu e a Ana Fernandes (na conceção), Pedro Geraldes e Diego Sousa (no som). É maioritariamente feminina e gosto disso.
O balanço é bastante positivo. A aceitação foi brutal. A temática é forte e polémica (sexo e vida boémia). Ainda por cima sou mulher, podia ter sido enxovalhada, mal interpretada, mas isso não aconteceu. As pessoas sentiram-se representadas porque digo de forma descontraída, descomplexada e sem pudores o que muitos pensam mas não têm coragem.
Sou uma mulher do Norte… e tudo o que isso representa! Sou boémia q.b., preciso que as pessoas gostem de mim. Tenho muitos sonhos que gostaria de realizar, apesar das inseguranças e medos.
Há quem me aborde na rua, no comboio, e conte que desde que viu o episódio 12 (‘Coelhinha’), a ‘dama’ baixou a guarda e a relação deles deu um tcham. Pode ter encorajado as mulheres a serem mais livres, ter dado dicas aos homens de como as ‘damas’ funcionam. Mas sobretudo fez, nem que seja um bocadinho, com que este país fosse menos conservador, machista e opressor. Alguns homens ficam intimidados, outros tiram apontamentos, uns acham ordinário, alguns acham sexy e desejariam que todas as mulheres fossem assim: livres e de mente aberta.
Depoimento recolhido por Florbela Alves