Há cem anos, o génio Einstein previu a sua existência. Mas foi preciso um século para provar que as suas contas estavam certas e que as ondas gravitacionais existem mesmo. Esta quinta-feira à tarde, um grupo de cientistas da experiência LIGO comunicou que tinha conseguido provar que também nisso, Einstein tinha razão.
A força gravitacional está em todo o lado. Entre uma estrela e um planeta, um satélite e a Terra ou até entre o seu corpo e a cadeira onde está sentado (mas nada de culpar a força de gravidade quando não tem vontade de se levantar da cama de manhã!). À luz da teoria de Einstein, a força gravítica pode ser entendida como uma distorção ou deformação no espaço/tempo. Quando os objetos com gravidade se movem, geram ondulações à sua passagem, num efeito que podemos comparar ao de uma pedrada no charco. Mas esta força é tão fraca que tem sido impossível detetá-la. Muitos falharam a tentá-lo, arriscando, inclusivamente, a sua reputação científica.
Para o conseguir, foi preciso envolver centenas de cientistas e engenheiros, numa das mais minuciosas experiências de sempre. Na verdade, são duas experiências. Uma montada no estado de Washington, outra no Louisiana. Em cada um destes locais, existe um detetor LIGO (da sigla em inglês para Observatório Laser de ondas gravitacionais): um laser intenso, projetado ao longo de quatro quilómetros, do qual foi retirado todo o ar.
“Ao analisar a luz refletida pelos espelhos colocados nas extremidades, é possível detetar pequenas alterações na distância entre os espelhos. Quando uma onda gravitacional passa, a distância entre os espelhos altera-se, aumentando e diminuindo à medida que o espaço expande e contrai”, escreve o astrónomo real, Sir Martin Rees, no Telegraph. “Esta é uma experiência imensamente delicada: o efeito que se procura é tão pequeno que a mudança de posição detetada é inferior à milionésima parte do átomo.”
Mesmo assim, para que alguma coisa fosse detetada, seria preciso apanhar uma colisão gigantesca. Como dois buracos negros a chocar um contra o outro.
A duplicação da experiência, em dois estados americanos diferentes, serviu para garantir que a oscilação detetada não tinha origem na passagem de um comboio, camião ou num sismo. “É uma das grandes descobertas da década”, defende Martin Rees. “Equiparada à descoberta do Bosão de Higgs.”

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