Cerca de 200 táxis partiram na sexta-feira à tarde do Aeroporto de Lisboa, em marcha lenta, para se deslocarem ao local do último comício da campanha da coligação Portugal à Frente (PAF), na Praça da Figueira, em Lisboa.
À semelhança dos dois protestos anteriores que envolveram os profissionais do sector durante esta semana, o motivo da manifestação era o mesmo: o funcionamento da plataforma tecnológica Uber em Portugal, que permite solicitar serviços de transporte com motorista privado.
Os taxistas exigem a regulamentação da atividade da Uber, alvo de uma providência cautelar interposta pela ANTRAL que levou o Tribunal Cível de Lisboa a proibir a empresa de operar em Portugal, mas a Uber recorreu para a Relação de Lisboa e enquanto aguarda pela decisão tem mantido a rede de transportes a funcionar.
A marcha lenta pela cidade de Lisboa paralisou a Av. Gago Coutinho e deu origem a pequenas escaramuças no trânsito, com os condutores particulares indignados devido à confusão de trânsito provocada pelo protesto, logo a uma sexta-feira, dia de trânsito habitualmente complicado.
O momento mais complicado aconteceu quando foi detetado um automóvel ao serviço da Uber parado no trânsito. A violência foi impedido pelos organizadores do protesto, que impediram os taxistas mais afoitos de vandalizarem o veículo.
Ao longo do percurso, outros taxistas foram-se juntando aos protestos. Alguns taxistas insultavam aqueles que preferiam continuar a trabalhar.
O ministro da Economia, Pires de Lima, criticou ao agendamento do protesto: “Não é por se fazerem manifestações em tempo eleitoral que se apressam ou se atrasam as execuções das decisões dos tribunais, que é um poder independente do Governo”, afirmou o governante, no final de uma reunião sobre o caso da Volkswagen.
À chegada ao Martim Moniz, o local definido pela PSP para a concentração do protesto, os agentes informaram a organização que apenas três elementos seriam recebidos pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Os restantes teriam de aguardar no Martim Moniz, mas os motoristas não aceitaram a decisão e romperam o cordão policial dirigindo-se a pé para a Praça da Figueira.
Os ânimos estavam bastantes agitados, mas ao chegarem à Praça os taxistas optarem por se sentarem no chão para evitarem confrontos.
O impasse provocado pelo desentendimento entre os taxistas que queriam acatar a ordem da polícia e os que optaram por avançar em direção ao local do comício inviabilizou que a comitiva fosse recebida pelo primeiro-ministro e o presidente da ANTRAL, Florêncio Almeida, e dois dirigentes da associação acabaram por ser recebidos pelo secretário-geral do PSD e diretor de campanha, José Matos Rosa, que remeteu uma decisão sobre as exigências dos taxistas relativamente à Uber para a próxima semana, o que dependerá do resultado das eleições de domingo, 4.
Durante os discursos do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas e do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, os taxistas gritavam insultos que variavam entre “aldrabões” e “mentirosos” que os apoiantes da coligação procuravam abafar com gritos de “Portugal, Portugal”.
Ao passar junto dos manifestantes para tentar acalmar os ânimos, o vice-presidente do PSP, Pedro Pinto seria agredido com um soco, mas a escaramuça ficaria por aí e não seria necessária a intervenção da polícia até ao final do protesto, que desmobilizou no final do comício.
A PSP irá, agora, apurar responsabilidades relativamente ao rompimento do cordão policial que impedia a passagem da manifestação para Praça da Figueira.