Um estudo publicado no British Journal of Cancer indica que homens que consomem suplementos de fortalecimento muscular com substâncias como a creatina e a androstenediona, revelaram uma maior probabilidade de desenvolver cancro nos testículos do que os homens que não usaram tais suplementos.
A investigação foi realizada pela equipa de Ni Li da Universidade de Yale (EUA) e da Academia Chinesa de Ciências Médicas. A equipa realizou entrevistas detalhadas a cerca de 900 homens dos estados de Massachusetts e Connecticut, nos EUA. Deste universo, 356 tinham sido diagnosticados com cancro nas células germinativas testiculares (90% dos cancros testiculares desenvolvem-se como tumores neste tipo de células que produzem o esperma) e 513 não tinham.
Nas entrevistas, os homens responderam a questões não só sobre o uso de suplementos, mas também sobre uma variedade de outros possíveis fatores adjuvantes, tais como fumar, beber, hábitos de exercício físico, história familiar de cancro testicular e eventuais lesões sofridas nos testículos ou virilhas.
Após análise dos dados recolhidos e relacionando todos os fatores (tais como a idade e outros dados demográficos), os investigadores descobriram que os homens que consumiram suplementos apresentavam um risco 65% mais elevado de ter desenvolvido este tipo de cancro em comparação com os homens que não usaram suplementos.
Tongzhang Zheng, um dos autores do estudo, afirma que a probabilidade é mais elevada no caso de homens que começaram a utilizar este tipo de suplementos antes dos 25 anos e que o fizeram durante longos períodos de tempo. Os investigadores definiram como “utilização” o consumo de um ou mais suplementos, pelo menos uma vez por semana, durante quatro semanas consecutivas ou mais.
“A relação observada entre vários fatores foi forte: quem começou a tomar estes suplementos antes dos 25 anos, tinha um risco mais elevado. Quem os consumiu por muito tempo (mais de 3 anos), tinha um risco mais elevado. E quem consumiu vários tipos destes suplementos tinha um risco ainda mais elevado (177 por cento maior)”, declarou Zheng.
A incidência do cancro testicular aumentou para 5,9 casos por 100.000 homens em 2011, de 3,7 casos por 100.000 em 1975, disse Zheng. Mas os investigadores ainda não sabem ao certo porquê.
“O cancro do testículo é um cancro muito misterioso e nenhum dos fatores que de suspeitávamos até agora explica este aumento”, disse o investigador.
“Mas a magnitude da associação entre os fatores e as tendências observadas, em relação à utilização dos suplementos de fortalecimento muscular, podem ter importância científica e clínica no contexto da prevenção do desenvolvimento de cancro células germinativas testiculares, se esta associação for confirmada por estudos futuros”, concluem os autores da investigação.