“As crianças foram sinalizadas, mas os pais não consentiram na atuação da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJR) [de Alenquer] e o processo foi remetido a tribunal” de família e menores da área de residência das crianças, adiantou o presidente da CPCJR, que desconhece se o processo já tinha sido concluído
Armando Leandro explicou que nos casos em que os pais não permitem a intervenção das comissões, os casos “têm de obrigatoriamente ser remetidos para tribunal”.
Em resposta à agência Lusa, o Instituto da Segurança Social adiantou que a família “estava sinalizada desde julho, uma vez que os menores evidenciavam falta de cuidados em relação à higiene pessoal e vestuário e ausência de estimulação”.
Gertrudes Santos, proprietária da casa onde vivia a acusada com o marido e os dois filhos, explicou à agência Lusa que a família vivia com “muitas dificuldades económicas”, motivo pelo qual há um ano tinha emprestado a habitação por não conseguirem pagar a renda numa outra casa que chegaram a habitar.
Os progenitores tinham-se juntado há cerca de três anos, mas, segundo os vizinhos, tinham problemas conjugais e já tinha havido ameaças de separação.
A mãe está em prisão preventiva deste segunda-feira no Hospital Prisional de Caxias, depois de ter confessado o crime ao juiz de instrução criminal do Tribunal de Vila Franca de Xira, onde foi ouvida nesse dia, sem contudo ter explicado quaisquer motivos para a sua conduta.
A mãe das crianças, de 32 anos, foi detida no domingo à tarde por uma patrulha da GNR de Alenquer em Castanheira de Pera e entregue à Polícia Judiciária, depois de ter estado quatro dias a pernoitar numa fábrica abandonada perto da localidade onde residia com o marido e os dois filhos.
A mulher, que segundo os vizinhos estava com uma depressão e não saía de casa nem para levar as crianças ao médico ou ao infantário, tarefa que era assegurada pelo pai, terá aproveitado o facto de o marido ir trabalhar à noite para ficar sozinha com os menores.
Terá fechado à chave os dois filhos num quarto da casa e terá ateado fogo à habitação, onde residia com as crianças e o marido, na localidade de Preces.
As crianças foram resgatadas ainda com vida, mas acabaram por não resistir.