A distância mínima dos dois metros foi mais do que cumprida. No primeiro dia de confinamento geral, Tiago Mayan Gonçalves não foi para a rua, mas o seu dia de campanha pode muito bem ter sido o que reuniu mais pessoas. Depois de uma entrevista com Manuel Luís Goucha, o candidato da Iniciativa Liberal sentou-se ao computador, durante uma hora, para responder a perguntas dos alunos da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, onde Mayan estudou.
Chegaram a estar na reunião via Zoom cem pessoas, “muito mais gente do que nas reuniões presenciais dos últimos tempos”, sublinhava Tiago Mayan, logo no início da conversa. Faltou o calor humano, os episódios da vida real e os momentos inesperados que sempre se encontram na rua, mas compensou em discurso claro, próprio de um ambiente seguro. E houve incentivo, pouco, mas houve. No bate-papo (chat onde todos os participantes da reunião podem escrever) às tantas surge um: “Força, Tiago! Podes contar com o meu voto”.
Tiago Mayan Gonçalves começou por explicar aos estudantes em que é que consiste isto de ser liberal. “Ideias que não são novas, mas que são novas no contexto político português. Ser liberal é não preconizar uma visão como a que tivemos ao longo deste tempo, principalmente nas últimas décadas, em que o Estado teve demasiado interventivo na vida das pessoas. É querer mais liberdade económica, política e social”, disse.
Houve ainda tempo para cascar nos adversários. Mayan criticou Marcelo Rebelo de Sousa pela não recondução de Joana Marques Vidal como Procuradora da Justiça; Ana Gomes por representar “uma visão de quase resignação” perante escândalos de corrupção na sua família política e conseguiu abranger João Ferreira e André Ventura na mesma afirmação: “o comunismo preconiza uma ditadura, a ditadura da classe operária. André Ventura não se sabe muito bem o que é aquilo… mas como é que se defrontam? Com debate aberto, olhos nos olhos, denunciando o que eles representam em termos de opressão”.
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Eleições. “Estamos num ponto de não retorno”
Sobre a preparação para as eleições presidenciais, que Tiago Mayan declarou ter sido uma “trapalhada em muitos aspetos” e que se deverá “refletir na abstenção”, no entanto, não há nada a fazer, acredita. “Chegámos a um ponto de não retorno. Foi isso que o Governo nos trouxe”.
Houve apenas um momento em que se mostrou de acordo com o Executivo: na manutenção das escolas e universidades abertas durante o confinamento geral.
Tiago Mayan Gonçalves volta para a rua amanhã, em Faro (de manhã) e em Beja (à tarde). Já no domingo irá a Setúbal.