Quem são os ilustres desconhecidos que, de quatro em quatro anos, despontam em pitorescos cartazes por todo o País? A VISÃO traça o retrato (quase…) aleatório de cinco candidatos autárquicos que, por um ou por outro motivo, se têm revelado fora da caixa. Conheça as histórias do “Chalana” do Porto, um trunfo na campanha de Ilda Figueiredo, da CDU. Ou, numa freguesia da capital, o jovem independente de 20 anos que já é motivo de todas as conversas, nas esplanadas locais. Observemos, em Braga, o desempenho da já famosa “Jenny”, que, no Chega, antes de ser já o era. Mais a sul, em Óbidos, terra do festival do chocolate, visitemos o candidato que adoça o paladar do eleitorado identificando-se, em outdoors, como marido de fulana ou professor de sicrana. E, no extremo sul, em Portimão, testemunhemos como o político que, apertado pela PJ, mastigou, um dia, um papel comprometedor, tenta relançar-se, agora, com o apoio de outras forças partidárias. Apresentamos os nossos tesourinhos.
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Porto
“Chalana”, o todo-o-terreno da CDU
Bairro de Francos. Estamos longe de Campanhã, território de “Chalana”, nome de guerra do popular assistente social do Porto, José António Pinto. Para o número dois da CDU à câmara, 56 anos, a cidade é líquida, e ele habituou-se a navegá-la sem olhar a obstáculos e fronteiras. Em todo o lado, encontra um rosto conhecido, almas renascidas. Sabe de cor o nome de filhos, as doenças e agruras vividas na sua geografia de intervenção, “minha querida” para lá, “meu querido” para cá. “O padre Mário, da Lixa, ensinou-me que não é preciso acreditar em Deus. Basta ser o embaixador dele por cá.” Tal como o Casimiro, imortalizado por Sérgio Godinho, é fino de ouvido e tem as orelhas equipadas com radar. “Sou candidato à câmara”, apresenta-se, descontraído, calças de ganga e camisa azul, sempre com uma piada de algibeira. “A cabeça de lista é a minha camarada Ilda Figueiredo, que tem muita pedalada, mas eu sou muito mais bonito.”