Luís Montenegro não esperou pelo fim do debate da moção de censura do PCP para anunciar que vai apresentar uma moção de confiança. Mal Paulo Raimundo tinha acabado de dar o pontapé de saída para a discussão e já o primeiro-ministro assumia que o Governo irá apresentar uma moção de confiança.
“O País não pode ficar prisioneiro do egoísmo ou taticismo dos responsáveis da oposição. Não somos da escola do calculismo e politiquice”, afirmou Montenegro, anunciando que será apresentado “um voto de confiança”, antes de começar um longo discurso sobre os feitos da governação, em resposta à moção de censura comunista que, como recordou, visa essencialmente a política do Governo.
“A antecipação de eleições será o mal necessário para evitar a degradação das instituições e a perda de estabilidade política por alguns agitadores”, afirmou o primeiro-ministro, que parece tão pronto para ir para a estrada, que até já tem um slogan de campanha.
“Pusemos o País em movimento”, disse, repetindo uma frase que já tinha usado durante a comunicação que fez ao país no sábado. “Portugal é hoje um país cheio de oportunidades e a olhar com otimismo para o futuro”, defendeu.
Optando por não dar nenhuma explicação sobre os casos que o envolvem, Luís Montenegro não poupou a oposição.
“Se os partidos da oposição não assumem a legitimidade do Governo para governar, mais vale dois meses” de instabilidade do que “um ano e meio de degradação”, considerou.
“Não podemos brincar com o país e com a vida dos portugueses”, declarou, defendendo que “os portugueses não percebem tanta agitação política”.
“Ou se condena o Governo e a sua política ou se lhe dá a mão e o salva”
Antes Paulo Raimundo tinha dito que “cada um tem de assumir as suas responsabilidades”, numa indireta ao PS. “Ou se condena o Governo e a sua política ou se lhe dá a mão e o salva”, lançou o secretário-geral comunista.
De resto, Raimundo considerou que a queda do Governo “é inevitável” e desvalorizou esclarecimentos que Montenegro pudesse querer dar – e entretanto mostrou não querer dar – , assumindo que eles não alteram o que já se passou.
“Nada do que venha dizer alterará os factos. O Governo não tem condições para se manter em funções”, afirmou Paulo Raimundo, vincando que o que “fez até aqui e não podia ter sido feito” torna insustentável a continuação deste Executivo.