Faz agora um ano que o País acordou para uma enorme confusão no Ministério das Infraestruturas, causada por alegadas agressões entre funcionários do gabinete liderado por João Galamba. Só que, mais do que essa alteração, que aconteceu na noite de 26 de abril e que se transformou no símbolo máximo dos “casos e casinhos” que minaram a maioria absoluta do governo de António Costa, foi a ativação das secretas, para a recuperação de um equipamento informático do Estado, que levou o então líder da oposição, o social-democrata Luís Montenegro, a exigir a demissão da embaixadora Graça Mira-Gomes, a secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP). Nem as explicações dadas no Parlamento pela chefe das secretas, com uma outra versão da que foi dada a conhecer pelo Conselho de Fiscalização do SIRP, convenceram o PSD a dar um passo atrás. Antes pelo contrário, Montenegro avisou Costa de que “a direção do SIRP” deixaria de contar com “a confiança do [então] maior partido da oposição”.
Agora, desde a tomada de posse do novo Executivo, Graça Mira-Gomes responde perante um primeiro-ministro que exigiu a sua cabeça. Mas, ao contrário do ruído verificado na primavera de 2023, desta vez impera o silêncio. A VISÃO questionou a Secretaria-Geral do SIRP sobre se a dirigente tenciona colocar o seu lugar à disposição, tendo em conta o posicionamento de Montenegro, a 8 de junho do ano passado, mas não houve qualquer resposta até ao fecho desta edição. Também do lado dos sociais-democratas parece ter sido vã a promessa de que iriam bater-se por um outro formato da fiscalização parlamentar feita às secretas. Refira-se que este cargo, para o qual Mira-Gomes foi nomeada em 2017, não tem um limite de anos de mandato.
