O polémico Rui Fonseca e Castro será o candidato do Ergue-te nas eleições europeias de 9 de junho. Em comunicado, o partido de extrema-direita liderado por José Pinto-Coelho elogia a “acutilância” e “coragem” do ex-juiz (demitido da magistratura no dia 7 de outubro de 2021) para liderar uma candidatura que defende “que esta União Europeia tem de ser desmantelada”.
Rui Fonseca e Castro, 48 anos, tornou-se uma figura popular junto dos movimentos negacionistas da Covid-19, a partir de outubro de 2020, por contestar as versões oficiais sobre a pandemia e a sua gestão pelo Governo português, o que lhe valeu a alcunha de “juiz negacionista”. Suspenso pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) na sequência das suas declarações, seria expulso da magistratura no final do processo.
O também advogado – inscrito em Portugal e no Brasil – está ainda acusado pelo Ministério Público (MP) por crimes de ofensa contra a honra de Ferro Rodrigues e de calúnia por difamação do ex-diretor da PSP, Magina da Silva. Rui Fonseca e Castro vai ainda a tribunal pela discussão com agentes da PSP, ocorrida à entrada do CSM, que ocorreu antes de ser ouvido em audiência por aquele órgão, no âmbito do processo que levaria à confirmação da sua demissão. É ainda acusado por ofensas à PSP e à ASAE.
Rui Fonseca e Castro vive, hoje, em Ponte de Lima (Viana do Castelo), e lidera a associação Habeas Corpus, seguida por todo o tipo de extremistas, incluindo mercenários, neonazis e cadastrados, alguns com treino paramilitar, formação em artes marciais e acesso a armas ilegais, como contou a VISÃO, num artigo de investigação, publicado em fevereiro de 2023, da autoria do jornalista Miguel Carvalho.
O ex-juiz continua a dedicar-se a promover conteúdos ultranacionalistas e ultraconservadores, atacando frequentemente judeus, homossexuais e imigrantes.
A influência da Habeas Corpus junto de grupos violentos e os laços internacionais de Rui Fonseca e Castro preocupam as autoridades. A associação tem agendada uma manifestação para o próximo dia 25 de Abril, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, contra o que considera ser “50 anos de escravidão” – a iniciativa coincide com as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril de 1974.