“Basta de passividade!” O apelo à união e à ação soou há três meses nos bastidores dos movimentos antissistema. No dia 25 de junho, o ex-militar Luís Freire Filipe, fundador do movimento nacionalista, identitário e negacionista da Covid-19 Defender Portugal (com quase 20 mil seguidores nas redes sociais), anunciava, num grupo privado do Facebook, a intenção de dar músculo às manifestações de rua que, desde 2017, tem vindo a organizar e nas quais participa, passando a recrutar e a utilizar mulheres e homens que, até à data, apenas demonstravam a insatisfação que sentiam sentados no sofá, por mensagens escritas ao teclado. Em meados de agosto, Luís Freire Filipe elegeu a militante Vânia Sousa, residente em Vila Nova de Gaia, para o substituir como líder do Defender Portugal, passando a dedicar-se em exclusivo ao movimento Resistência Portuguesa, um novo grupo pensado e concebido como “braço armado”, ao género de milícia, com o objetivo de “passar à ação” – e que, neste momento, já conta com cerca de duas centenas de membros, profundamente doutrinados e “preparados para a luta”.
Ao mesmo tempo, Luís Freire Filipe e os líderes de outros oito movimentos acertavam termos e concertavam esforços. Foi então criada, a 16 de agosto, a coligação negacionista Aliança Lusa: da qual também fazem parte, entre outros, o grupo Aliança pela Saúde (ex-Médicos pela Verdade), Verdade Inconveniente e Santo António de Lisboa, este último chefiado pela dupla Ana Desirat e Sónia Pritham, ambas na mira do Ministério Público (MP), na sequência das ameaças e dos insultos dirigidos a Ferro Rodrigues, no passado dia 11. O publicitário Alfredo Rodrigues, gestor da página online Quero Emigrar (com mais de 74 mil seguidores nas redes sociais), antigo responsável pelas plataformas digitais dos Médicos pela Verdade, e com conhecida simpatia pela extrema-direita portuguesa, foi o escolhido para porta-voz deste projeto, que se apresenta com apelos à ação: “O tempo é agora, o local é aqui! Este é o nosso momento!”