Um governo capaz de unir e não dividir já está a garantir a estabilidade, ganhe por 500 ou mil votos. Foi esta a promessa final de Luís Montenegro, no comício de encerramento da campanha da Aliança Democrática (AD), esta sexta-feira, em Lisboa, acusando o seu principal opositor, Pedro Nuno Santos, de ter uma “cultura de divisão”. Sem fazer um apelo direto ao voto útil, Luís Montenegro optou por declarar, perante as milhares de pessoas que quase encheram o Campo Pequeno, que acredita na escolha dos portuguesas.
“O que fizemos nesta campanha eleitoral é aquilo que vamos fazer no Governo da República: juntar. Esta é mesmo uma candidatura de esperança, de ambição e de mudança segura”, começou por dizer. “Nunca falei mais alto para falar mal dos outros. Só levantei a voz para dizer que acredito em Portugal. Temos obrigação de fazer acreditar”, finalizou, recebendo uma das maiores ovações da noite.
Apesar de ter procurado fazer um discurso contido, Montenegro ainda teve tempo para dramatizar, dizendo que o resultado do próximo domingo, 10 de março, “vai ter reflexos nas próximas décadas”. “Se não invertermos o rumo do País, só podemos esperar resultados piores”, concluiu.
As despesas de apelo ao voto útil e charme aos indecisos acabaram por ficar a cabo de Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, e Nuno Melo, presidente do CDS/PP, pareceiro da coligação. O primeiro, falando para “os que ainda não decidiram e ainda têm dúvidas”, disse que nas próximas Legislativas joga-se “o futuro da Democracia”.
Carlos Moedas acusou o PS de ter feito uma campanha “com base no medo da mudança”. “O PS tem medo da Democracia, tem medo da alternância democrática”, rejeitando o regresso ao sistema “de partido único”, o que é que “quer o PS”, enfatizou. “O PS julga que é dono do País e do Estado. Só a AD pode mudar isto”.
Por sua vez, Nuno Melo considerou que um voto nos socialistas corresponde a um apoio ao “PS mais extremado da História da Democracia portuguesa” e levará a que o “PCP e o Bloco de Esquerda estejam no Conselho de Ministros e Mariana Mortágua nas Finanças”. “Isto ninguém merece”.
Apelando a uma concentração de votos de AD, Nuno Melo também não deixou de olhar para a sua direita, declarando ser necessário “transformar a revolta em mudança”. “Cada voto nos populismos radicais só deixará o PS mais próximo de governar”.