Francisco Sá Carneiro chegou ao poder, nas eleições de 2 de dezembro de 1979, com o seu projeto “um governo, uma maioria, um presidente”. Nesse dia, a Aliança Democrática (AD) – uma pré-coligação que unia o PSD ao CDS e ao PPM – fazia história: a direita governava pela primeira vez em democracia e com uma maioria absoluta, elegendo 128 dos 250 deputados. Desde então (e apenas com exceção dos anos do “bloco central” de Mário Soares e de Carlos Mota Pinto, de 1983-85), os sociais-democratas e os centristas tornaram-se aliados naturais. Governaram sete vezes em conjunto. É certo que os tempos e os desafios são outros, e o CDS – sem representação parlamentar – não tem o mesmo valor. Ainda assim, tem quadros, alguns votos e “é fiável”, como descreve à VISÃO o social-democrata José Pedro Aguiar-Branco, antigo ministro da Justiça de Santana Lopes (governo de coligação com o CDS) e da Defesa de Passos Coelho.
Há alguma resistência dentro do PSD à transposição da AD para os tempos modernos, justificada pelo fraco resultado eleitoral dos centristas nas legislativas de 2022, que até estará desatualizado com o crescimento do Chega e da Iniciativa Liberal (que recusou ir a votos com os sociais-democratas). Todavia, grande parte do partido – inclusive dirigentes que, no tempo de Rui Rio, votaram contra uma reaproximação ao CDS – defende uma pré-coligação que permita restaurar os valores da direita tradicional.
