Saiu António Costa e entrou Lucília Gago. A procuradora-geral da República esteve no Palácio de Belém, a partir do momento em que o primeiro-ministro acabou a sua audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, na senda das dezenas de buscas judiciais que visam o Governo, esta terça-feira.
Gago, que está a um ano do fim do seu mandato e que foi uma escolha polémica de Costa e Marcelo para substituir Joana Marques Vidal, terá rumado a Belém a pedido de Marcelo para explicar o que está em causa no processo que já resultou na detenção, desde manhã cedo, de cinco pessoas – entre as quais, Vítor Escária, chefe de gabinete de Costa, e Lacerda Machado, o conhecido advogado conhecido por ser um amigo do primeiro-ministro.
Pouco antes de a procuradora-geral sair de Belém, o seu próprio gabinete emitiu um comunicado muito extenso sobre o que está em causa e onde se admite que alguns suspeitos invocaram o nome do primeiro-ministro neste processo, ao ponto de abrir aí uma outra linha de investigação junto do Supremo Tribunal, por se tratar de uma alta figura do Estado.
A operação do Ministério Público com o apoio de equipas da PSP – e não com as da PJ, ao contrário do que é habitual em casos desta dimensão – começou de manhã cedo com buscas, que incidiram desde o Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro, até à Câmara Municipal de Sines, passando por vários governantes, entre os quais João Galamba. A Agência Portuguesa do Ambiente também foi alvo dessas buscas.
Em causa estará um processo que envolve suspeitas de crimes no âmbito de dois projetos: a extração de lítio, em Montalegre, e a construção de uma central de produção de hidrogénio verde, em Sines.