Os sindicatos e associações sócio-profissionais da polícia reúnem esta quarta-feira com o Ministério da Administração Interna (MAI) em nova ronda negocial para discutir a atribuição de um subsídio de risco para os elementos da PSP e GNR.
Porém, a poucas horas do encontro, os representantes dos polícias continuam sem se entenderem quanto à melhor forma de lidar com o tema e com o Governo – e de fechar o melhor acordo possível com o executivo de António Costa. Há quem aceite negociar; mas também há quem já anunciou que não pretende retirar um cêntimo ao valor que reclamado por milhares de polícias nas últimas manifestações e vigías: 430,39 euros/mês, a exemplo do que recebem os funcionários da PJ e do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), as mais representativas de PSP e GNR, respetivamente, já anunciaram que estão dispostas a ouvir as propostas do Governo, com uma margem que permita cedências de parte a parte, tendo em vista acelerar um acordo. Por outro lado, os restantes sindicatos que também vão marcar presença na reunião desta manhã avisam que as negociações vão ser duras e sem cedências. Diferentes posições que explicaram as ausências da ASPP/PSP e APG/GNR da organização da vigília realizada frente ao Palácio da Ajuda e ao MAI, no passado dia 12, organizada por outros 13 sindicatos.
À VISÃO, Paulo Santos, presidente da ASPP/PSP, admite a abordagem diplomática, que justifica com “a experiência de negociar que o sindicato tem há muitos anos”. “O objetivo é criar um caminho para chegarmos a um acordo, e isso só será possível se encontrarmos uma plataforma de entendimento. Neste caso, não me parece que a intransigência seja uma boa solução”, diz. Paulo Santos admite, aliás, que, “neste momento, é possível e, se calhar, até mesmo necessário, que sejam feitas algumas cedências”. O presidente do ASPP/PSP acredita que a solução para um acordo possa passar pela atribuição “de um subsídio de risco justo, embora, neste momento, mais baixo, com o acordo que se possa atingir no menor espaço de tempo o total reclamado de 430,39 euros”. Quando tempo? “Dois ou três anos, no máximo”, afirma Paulo Santos.
Posição completamente distinta tem Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), que garante à nossa revista “não haver cedências” na hora do aperto de mão. O líder do Sinapol destaca que o “valor que está identificado não caiu do céu, mas é a referência que existe olhando para o que já acontece na PJ e no SEF”. Por isso, o dirigente diz que “vai cumprir aquilo para o qual foi mandato”, em assembleia-geral de associados, “recusando qualquer possibilidade de acordo abaixo dos 430,39 euros. Não aceitamos nada menos que isso”, diz Armando Ferreira.
Recorde-se que, no final de junho, o Governo apresentou uma proposta de subsídio de risco para os polícias entre 48 e 68 euros, muito abaixo do que expectável, provocando mais protestos nas ruas. A reunião entre MAI e sindicatos decorre hoje, a partir das 10h30. O encontro será acompanhado por uma manifestação agendada para a mesma hora. Esperam-se milhares de polícias às portas do ministério, no Terreiro do Paço, Lisboa, naquilo que será uma manifestação de polícias vindos de todo o país com o objetivo de pressionar o poder político a avançar, em definitivo, com um valor que vá ao encontro das ambições dos profissionais, como explicou à VISÃO fonte próxima da organização.