Para Miguel Relvas, Rui Rio fez um “bom discurso” de estreia como presidente do PSD, mas, na sua opinião, ficaram dois aspetos por esclarecer: em primeiro lugar, se, com o novo líder, o partido viabilizará ou não um Governo do PS que não obtenha maioria absoluta nas urnas e, em segundo, se votaria, sem mais, contra o Orçamento do Estado para o próximo ano.
Em declarações, por telefone, à VISÃO, o ex-ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares sublinha que “não resta outra alternativa” a Rio que não seja opor-se à última proposta orçamental do Executivo chefiado por António Costa, até porque o PSD “já votou contra os três últimos orçamentos”.
Relvas entende que Rio, “e bem”, colocou um ponto final na discussão em torno do fantasma do bloco central – que pairava sobre os sociais-democratas desde a campanha para as diretas de 13 de janeiro -, mas “não respondeu” a um outro ponto: se, após as legislativas do próximo ano, o presidente do partido “viabilizará a formação de um Governo” socialista, caso António Costa não consiga maioria no Parlamento. “O discurso [de sexta-feira à noite] não respondeu – e porventura não teria de responder – a esses dois pontos”, lamenta, acrescentando que “ainda há tempo” para fazer essa clarificação.
Por isso, o antigo governante e ex-dirigente “laranja” entende que os críticos de Rio, como Luís Montenegro ou Miguel Pinto Luz, não ficaram com o discurso esgotado para o que falta do conclave que decorre até domingo em Lisboa.
Quanto ao líder cessante, Pedro Passos Coelho, que ajudou a chegar à S. Caetano e a S. Bento, Relvas realça que fez um discurso perante os congressistas “com substância” e “enquadrador da estratégia futura” do partido, especialmente por ter dito categoricamente que “não” acerca dos pontos em que Rio foi omisso.
Por isso, e apesar de estar agora mais distante das lides partidárias, avança com uma convicção: “Foi um discurso de quem vai estar atento à política.”