A Câmara Municipal de Sintra ficou “muito preocupada” com as denúncias de que pedreiras e vazadouros existentes no concelho estarão a receber solos contaminados por resíduos perigosos de obras de Lisboa, e chamou para uma reunião representantes de duas associações ambientais: Quercus e Zero.
A VISÃO publicou um artigo sobre obras em Lisboa com resíduos perigosos, em que qualquer uma destas associações revelava queixas relativas a Sintra.
“Recebemos muitas queixas relativas a pedreiras e vazadouros na zona de Sintra e do Seixal. Depositam solos de escavações para os quais não estão licenciados, e logo de seguida tapam com entulho, tornando difícil a deteção”, explicava Carmen Lima, da Quercus. Mas os perigos ficam ali e os principais alvos são as populações e os campos agrícolas da zona: “Nestes locais onde estão os vazadouros existem muitas vezes vivendas com furos, cuja água as pessoas utilizam para a rega e nos campos agrícolas. E como estas pedreiras/aterros não estão preparados para receber estes solos (não têm isolamento), está-se a contaminar os locais. É possível que os resíduos perigosos passem para os lençóis de água”, explicou a especialista da Quercus.
Em causa, concretamente, estava uma denúncia da Ecodeal, a empresa que faz a valorização dos resíduos perigosos (CIRVER) para a Agência Portuguesa do Ambiente, relativa à construção do parque de estacionamento subterrâneo do Hospital da CUF Descobertas. A Ecodeal dizia ter informação, sustentada em estudos, de que os terrenos onde nascerá o parque de estacionamento têm uma elevada concentração de hidrocarbonetos “e o resíduo deve ser classificado com perigosidade de cancerígeno”. E denunciava: “Neste preciso momento estes solos contaminados estão a ser escavados e removidos por uma empresa de escavação que os leva a vazadouro, no local o odor a hidrocarbonetos é intenso e porventura nocivo”, lê-se nos emails a que VISÃO teve acesso. Outra denúncia dava conta de que esse vazadouro seria precisamente no concelho de Sintra, embora em resposta à VISÃO, a CUF tenha garantido que foram encaminhados solos não contaminados e sem perigosidade para Almada e não Sintra.
De qualquer forma, Basílio Horta, o presidente da Câmara quer agora ouvir da boca das associações ambientais as queixas sobre este assunto e perceber os impactos do que se poderá estar a passar.