Assunção Cristas lamenta “que se esteja a discutir despedimentos” no Porto de Lisboa e desafia o Governo a usar todas as ferramentas que tem ao seu alcance para ultrapassar o impasse com ps estivadores. Se os instrumentos que tem ao seu dipor não forem suficientes, sugere que o Executivo ou a maioria que o sustenta, no Parlamento, “afine a lei, para ter [outros] instrumentos”. O que “não é admissível é que o Governo não resolva” a questão, quando as exportações estão a abrandar e “uma das razões [para esse abrandamento] é o problema do Porto de Lisboa”.
Para a líder do CDS, cabe ao Estado interferir, e com a máxima celeridade, é “uma função relevante, para que a economia possa funcionar.” E sendo ela líder de um partido de direita, democrata-cristão, com tendências liberais, Cristas sabe bem que o Estado é uma entidade central, com o seu papel bem definido a nível da regulação, um parceiro em que setores como a saúde e a educação, exemplificou, se deviam poder aliar.
Para Cristas, o também papel do Estado “dinamizar”, “não deixar conflitos e problemas eternizarem-se” – como no caso do Porto de Lisboa. E cab-lhe ainda, disse por fim, “abrir o mercado”, “captar investimento”, “criar condições de estabilidade e segurança”. O que não pode fazer é “destruir”, numa alusão à política de reversões levada a cabo por António Costa desde o início do seu mandato.
No final do almoço promovido pelo American Club, Cristas deixou claro que Portugal deseja, daqui a 20 anos. Esse País que deseja aposta, justamente, no mar e tudo o que o este nos pode dar, em termos de competitividade – é uma das áreas onde, nas palavras de Cristas, “queremos ser melhores.”
Na luta contra as 35 horas
“Lamento. Sei que é uma bandeira da esquerda, mas não é altura para retomarmos as 35 horas”. Um País que “não cresce”, onde o “desemprego é tão elevado”, onde “as exportações não estão a crescer”, “onde todos temos menos trabalho” não é compatível, diz, com a reposição das 35 horas de trabalho semanais. Este não é mais do que que, diz, mais um exemplo “do desfazer” levado a cabo pelo Executivo. E se a questão for a votos, no Parlamento, “a posição do CDS é votar”.
O caminho do CDS de Assunção Cristas parece claro, e claramente oposto ao do Governo de António Costa, pelo que a pergunta de um convidado – António Rebelo de Sousa, irmão do Presidente Marcelo – soou mais a provocação do que a preocupação. “Consideraria parcerias com o PS, se tal fosse necessário?” A líder centristas recordou que essa aliança já aconteceu uma vez, no passado, mas que “naturalmente” se encontra “mais próxima do espaço do centro direita do que do PS, sobretudo com este PS, que opta por uma postura mais radical, à esquerda.” Com um “PS como este”, garante, “não nos identificamos”, deixando no entanto claro que este não é o espaço tradicional do Partido Socialista.
Outro convidado – desta vez de nacionalidade chinesa -, outra pergunta: O que pensa de ter Donald Trump na presidência dos Estados Unidos? Num inglês fluente, Cristas falou de “receios” e de “riscos” e considerou essa hipótese “muito surpreendente”. Mas admitindo que é uma “questão interna dos Estados Unidos” – e estava perante o seu embaixador em Lisboa, Robert Sherman – considerou que quando ouve o que Donald Trump diz – o “domestic speech”, a força que dá à administração americana, “o que diz do resto do mundo” – não fica “muito feliz.”