Questionado sobre Catarina Martins sobre a capitalização do BANIF antes da venda ao Santander, António Costa passou as culpas do processo de resolução do banco madeirense para o anterior governo. No debate no Parlamento, nesta sexta-feira, 15, António Costa lembrou a carta da comissão europeia em que se referia que “o banco não era viável” e que haviam sido apresentados oito planos, “todos chumbados”, para salvar o banco. “A responsabilidade do que aconteceu não é de outrem se não do governo [do PSD-CDS]”, afirmou António Costa.
Para a deputada Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, “saiu a sorte grande ao Santander”. Evocando Ricardo Cabral, economista e reitor da universidade da Madeira, que, disse a deputada, “fez as contas” e terá concluído que a capitalização do banco é de 40%, “está-se a capitalizar a banca europeia à custa dos contribuintes portugueses”. Para a bloquista, “o pior risco para o país é o sistema financeiro” e, concluiu, “o Novo Banco tem de ser público”.
António Costa garantiu que a comissão de inquérito ao Banif permitirá averiguar tudo o que se passou com o banco e, em relação ao Novo Banco, que resultou da queda do BES, assegurou que haverá tempo para o vender, “sem ser a contra-relógio”, garantindo assim “o menor sacrifício possível aos portugueses”.
Nuno Magalhães, líder da bancada parlamentar do CDS-PP, concentrou a sua intervenção no cancelamento do exame do 6º ano, decidido pelo ministro Tiago Brandão Rodrigues, a semana passada. O centrista quis saber se António Costa havia enganado o Parlamento, quando a 16 de Dezembro afirmou que não fazia parte do programa de governo a anulação dos exames do 6º e do 9º ano. “A palavra dada não foi cumprida”, afirmou o deputado do CDS-PP, que confrontou ainda António Costa com afirmações do ministro, no Parlamento. “Também acha que estudar para os exames é pernicioso?”
António Costa escudou-se noutra passagem do programa de governo, na qual prometia uma avaliação do modelo de exames. Para o primeiro-ministro, a revisão do modelo de exames resultou dessa avaliação, estando assim o governo a cumprir o seu programa. E acrescentou: “O processo de avaliação não é uma tortura das crianças”. Já antes, a propósito de uma intervenção da líder do Bloco de Esquerda, António Costa havia assentado as baterias no antigo ministro da Educação. “Nem nas bancadas do PSD e do CDS-PP há saudades de Nuno Crato”, afirmou o primeiro-ministro.