Quase uma hora depois de os trabalhos terem sido interrompidos no plenário da Assembleia da República – para entrar em campo a Comissão Eventual de Verificação de Poderes dos Deputados Eleitos -, o vice-presidente do PSD José Matos Correia falou aos jornalistas para criticar a forma “deselegante” como a esqueda reagiu ao discurso do Presidente da República.
“Aproveito a ocasião para manifestar a nossa profunda perplexidade com o teor dos discursos da extrema esquerda no que diz respeito à opção do PR”, disse à entrada da primeira reunião conjunta dos grupos parlamentares do PSD e do CDS, na Sala do Senado, da AR. “São inaceitáveis os termos em que esses partidos se referiram” ao assunto. Criticando a “terminologia indiga”, Matos Correia lembou que Cavaco Silva se limitou a “cumprir a Constituição, dando posse a quem ganhou”.
A manhã, no Parlamento, começou pouco depois das dez horas, numa sessão que provavelmente será das mais pacíficas da legislatura. Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, convidou o socialista Alberto Martins a presidir aos trabalhos no hemiciclo, facto que mereceu aplausos de todas as bancadas. Para a tarde ficou marcada a eleição do Presidente da Assembleia da República, lugar anteriormente ocupado por Assunção Esteves, do PSD.
O que parece garantido neste momento, é a eleição de Ferro Rodrigues, fazendo história: será a primeira vez que o candidato do partido mais votado, Fernando Negrão, do PSD, não assumirá a cadeira principal no Palácio de S. Bento. Após o discurso de Cavaco Silva, os eventuais dissidentes do PS travaram a fundo. “Ferro vai ser aprovado com 122 votos. O PS percebeu que tem de unir-se, sem falhas”, garante um socialista à VISÃO.